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Jumbo 747 não é só de passageiro: apaga fogo, solta laser e leva presidente

Vinícius Casagrande

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • O Boeing 747 revolucionou a indústria aeronáutica com sua capacidade de passageiros
  • Feito a pedido de companhias aéreas, o modelo também foi usado em missões militares e aeroespaciais
  • O avião já foi utilizado para combate a incêndios florestais, transporte de ônibus espacial e defesa de mísseis

Um dos aviões mais icônicos da aviação mundial, o Boeing 747, conhecido como Jumbo ou Queen of the skies (Rainha dos céus), revolucionou a indústria aeronáutica com sua grande capacidade de passageiros e de carga.

O Boeing 747 começou a ser desenvolvido em meados dos anos 1960 para atender a uma demanda das companhias aéreas por aviões maiores. O mundo vivia o crescimento no transporte aéreo e estava à beira de um congestionamento nos principais aeroportos da época.

Apresentado ao mundo pela primeira vez em 30 de setembro de 1968, nesses mais de 50 anos de vida o Boeing 747 foi muito além do transporte de passageiros, servindo como transporte VIP de chefes de Estados e em missões militares e aeroespaciais. Veja a seguir como tem sido usado.

747 Supertanker

O Boeing 747 Supertanker em ação de combate a incêndio na Califórnia (EUA) - Divulgação - Divulgação
O Boeing 747 Supertanker em ação de combate a incêndio na Califórnia (EUA)
Imagem: Divulgação

Um Boeing 747-400 foi transformado em um avião para combate a incêndios florestais. O modelo pode despejar mais de 72,6 mil litros de água e outros produtos de uma única vez ou em lançamentos intermitentes. O lançamento pode cobrir cerca de 50 metros de largura e cinco quilômetros de extensão.

O avião pertence à empresa Global Supertanker Services e já foi utilizado em incêndios nos estados do Alasca e Califórnia, nos EUA, além de Chile, Israel, México e Espanha, entre outros países. Uma das ações mais recentes do 747 Supertanker ocorreu no final de agosto na Bolívia para ajudar no combate aos incêndios da Amazônia.

Shuttle Carrier Aircraft

O modelo foi o escolhido pela Nasa para transportar o ônibus espacial de volta à base de lançamento - Divulgação - Divulgação
O modelo foi o escolhido pela Nasa para transportar o ônibus espacial de volta à base de lançamento
Imagem: Divulgação

A Nasa operou dois jatos Boeing 747 modificados como Space Shuttle Carrier Aircraft (aviões de transporte de ônibus espaciais). Foram utilizadas as versões 747-123 e 747-100SR-46. As duas aeronaves tiveram desempenho idêntico como transportadores de ônibus espacial.

Os dois aviões foram utilizados para transportar os ônibus espaciais de seus locais de aterrissagem ao complexo de lançamento no Kennedy Space Center, no estado da Flórida (EUA), e para outros locais que seriam muito distantes para o transporte terrestre.

Os ônibus espaciais foram acoplados no Boeing 747 por uma espécie de guindaste. Os dois aviões ganharam reforço estrutural e novos estabilizadores para a missão.

YAL-1

A Boeing instalou um laser químico no nariz do 747 como parte do sistema de defesa de mísseis - Divulgação - Divulgação
A Boeing instalou um laser químico no nariz do 747 como parte do sistema de defesa de mísseis
Imagem: Divulgação

Uma das versões militares do Boeing 747 foi um Airborne Laser (Laser Aerotransportado). O 747-400F foi modificado para receber um sistema com laser químico de iodo oxigenado. O avião era parte do sistema de defesa de mísseis da Força Aérea dos Estados Unidos.

O avião foi projetado para fornecer uma arma com a velocidade da luz para destruir todas as classes de mísseis balísticos. Em fevereiro de 2010, durante ensaio de voo, o avião destruiu um míssil balístico na costa do sul da Califórnia. O programa foi cancelado em 2011.

Sofia

O Boeing 747 foi equipado com um telescópio infravermelho e podia voar na estratosfera - Divulgação - Divulgação
O Boeing 747 foi equipado com um telescópio infravermelho e podia voar na estratosfera
Imagem: Divulgação

A Nasa utilizou o Boeing 747SP como observatório estratosférico de astronomia infravermelha. O avião ficou conhecido como Sofia, acrônimo de Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy. Com capacidade de voar na estratosfera, o avião estava acima de 99% da atmosfera de bloqueio de infravermelho da Terra, permitindo que os astrônomos pudessem estudar o sistema solar de maneiras que não são possíveis com telescópios terrestres.

O avião carregava um telescópio refletor de 2,7 metros, com um diâmetro efetivo de 2,5 metros. Durante o voo, era aberta uma porta na parte traseira do avião para que o telescópio pudesse capturar as imagens. Segundo a Nasa, o avião era importante especialmente em eventos sobre os oceanos, onde não é possível instalar outros telescópios.

Air Force One

A presidência dos Estados Unidos utiliza o Boeing 747 como avião de transporte - Divulgação - Divulgação
A presidência dos Estados Unidos utiliza o Boeing 747 como avião de transporte
Imagem: Divulgação

Diversos governos utilizam o Boeing 747 como avião de transporte de autoridades. O mais famoso deles é o Air Force One, à disposição da Presidência dos Estados Unidos. Apesar de o nome Air Force One poder ser usado em qualquer avião da Força Aérea que esteja transportando o presidente dos Estados Unidos, o modelo mais utilizado e que deu fama ao nome é o Boeing 747-200B.

A Força Aérea dos Estados Unidos tem dois aviões iguais para esse tipo de missão. O avião ganhou diversas modificações em relação ao modelo usado pelas companhias aéreas. Além do interior sofisticado, pode ser reabastecido em voo, tem área médica com sala de cirurgia e equipamentos eletrônicos com proteção contra pulsos eletromagnéticos.

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