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Confusão na América Latina mudou 'timing' de reformas, diz Guedes a jornal

25.nov.2019 - Ministro da Economia, Paulo Guedes, durante entrevista na embaixada brasileira em Washington (EUA) - Olivier Douliery/AFP
25.nov.2019 - Ministro da Economia, Paulo Guedes, durante entrevista na embaixada brasileira em Washington (EUA) Imagem: Olivier Douliery/AFP

Do UOL, em São Paulo

01/12/2019 08h36

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em entrevista publicada neste domingo (1º) pelo jornal O Globo que o "timing" político para a aprovação de reformas começou a mudar devido ao que chamou de "confusão na América Latina".

"Se nós acelerarmos as reformas agora, os frutos estarão colhidos ali na frente. Mas digo isso como economista. Agora, tem também o processamento político das reformas. Nós estávamos em um caminho. E aí, de repente, começa a confusão na América Latina. Bagunça, desordem, aí o 'timing' político começa a mudar", declarou o ministro quando questionado se havia uma desaceleração da agenda de reformas.

Guedes também afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apoia a reforma administrativa, mas que avançar com ela agora seria "dar um pretexto pro sujeito fazer quebra-quebra na rua."

Apesar de nenhuma grande manifestação contra o governo e suas políticas ter ocorrido nos últimos meses, e de nenhum protesto de grande proporção estar programado, o ministro afirma que "tem gente chamando" atos "para fazer igual no Chile e quebrar tudo".

Guedes voltou a justificar as recentes menções feitas por ele e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, a um "novo" AI-5 (Ato Institucional nº 5) como resposta a uma suposta radicalização de protestos de rua no país.

"Eu falo: olha, eu defendo a democracia, temos que evitar a desordem. Aí distorcem uma defesa da democracia em ataque à democracia. Eu falo: temos um trabalho enorme pela frente, não vamos nos deixar desviar, temos os extremos", disse. "O (deputado) Eduardo (Bolsonaro) não falou isso do nada. Quebraram tudo no Chile. Aí o Lula sai da cadeia e fala: vamos fazer igual no Chile. Eu estava advertindo contra isso, em defesa da democracia."

No dia 9, pouco depois de sair da prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em discurso que "a gente tem que seguir o exemplo do povo do Chile", de "atacar e não apenas se defender".