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Quadrilha é presa no PR acusada de aplicar golpe de R$ 150 mi com bitcoins

Estacionamento vazio onde funcionava a sede da empresa Blockchange, em Curitiba - Divulgação
Estacionamento vazio onde funcionava a sede da empresa Blockchange, em Curitiba Imagem: Divulgação

Lucas Gabriel Marins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

05/12/2019 14h01Atualizada em 05/12/2019 15h14

Nove integrantes da Blockchange, empresa de Curitiba (PR) que prometia lucro de até 4% ao dia com bitcoins, foram presos na manhã desta quinta-feira (5), durante operação da Polícia Civil no Paraná e em São Paulo. Outros dois estão foragidos.

Eles são investigados por estelionato, associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsificação de documento particular. A prisão é temporária.

De acordo com o delegado Emmanoel David, responsável pelo caso, a empresa movimentou R$ 150 milhões e lesou cerca de 4.000 pessoas. Só nas contas dos "cabeças" do esquema, disse David, foram encontrados R$ 70 milhões.

"Estimamos que a dívida do grupo, levando em consideração os investimentos feitos pelas vítimas e a promessa de lucro, passe de R$ 1,5 bilhão", afirmou.

A reportagem contatou os advogados de cinco dos suspeitos, mas eles não quiseram se pronunciar. A defesa dos outros quatro não foi localizada.

Como funcionava o esquema

A empresa começou a operar no final de 2018, com sede em um estacionamento vazio em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Atraía clientes prometendo lucro de até 4% ao dia por meio de compra e venda de bitcoins. Os integrantes atraíam as vítimas usando emails e aplicativos de conversa.

"Muitos entravam no negócio por causa de indicação de amigos ou parentes próximos, o famoso boca a boca, que é típico em esquemas de pirâmide financeira", disse o delegado.

Algumas das vítimas refinanciaram apartamentos e venderam seus veículos para investir no negócio. Há pessoas lesadas no Paraná, São Paulo, Maranhão, Bahia, Minas Gerais e até nos Estados Unidos, segundo a polícia.

"Fui convidado por um amigo e, no início, até pensei que fosse furada. Mas, como ele mostrou que realmente estava fazendo lucro, resolvi acreditar. Perdi R$ 8.000, mas estou feliz agora por saber que o grupo foi preso", disse à reportagem do UOL um investidor que preferiu não se identificar.

Denúncia de parentes dos investigados

A operação desta quinta aconteceu em várias cidades. No Paraná, além de Curitiba, Pinhais e Piraquara, na região metropolitana, e Pontal do Paraná, no litoral. Também aconteceu em São Paulo.

Foram cumpridos 62 mandados judiciais. Além das 11 ordens judiciais de prisão temporária, a polícia cumpriu 11 de busca e apreensão, 16 de bloqueio de contas bancárias e 24 de sequestro de veículos.

De acordo com o delegado, a investigação foi aberta em junho deste ano depois de denúncias de parentes dos integrantes do esquema. Alguns chegaram a investir R$ 200 mil, de acordo com David.

Até agora, segundo o delegado, pelo menos 100 vítimas registraram boletim de ocorrência na Delegacia de Estelionato de Curitiba.

Empresa alega que tomou golpe

A Blockchange, segundo a investigação, parou de fazer os pagamentos em maio deste ano. Naquele mês, a empresa informou aos investidores que deixaria de fazer os depósitos porque havia sido vítima de uma fraude de cerca de R$ 20 milhões na Argentina.

Outras empresas investigadas pela Polícia Civil do Paraná ou com pendências judiciais, como a Wolf Trade Club e o Grupo Bitcoin Banco, também justificaram atrasos nos pagamentos alegando terem sofrido golpes.