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"Não procede que Brasil é superendividado", diz presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Reprodução/Globonews
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto Imagem: Reprodução/Globonews

Colaboração para o UOL

13/02/2020 06h40

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi o convidado do Central GloboNews de ontem. Durante o programa, foram abordados temas como os juros baixos, a 4%, a alta do dólar que bateu o 4º recorde consecutivo, chegando a R$ 4,35, medidas de inclusão e superendividamento.

"Existe uma grande preocupação do Banco Central em fazer um crescimento no mercado financeiro e de mudar a intermediação financeira com inclusão", disse Campos Neto ao ser questionado sobre os 64 milhões de trabalhadores brasileiros que ganham até dois salários mínimos e são estimulados a consumir com cartões de créditos, com juros de 300%, taxa de juros é 4,25%, e a taxa real é menor que 1%.

"O Banco Central está muito preocupado. Então, todas as medidas têm um angulo de inclusão em cada uma delas" continua o presidente do BC. E seguiu com exemplos de soluções:

"Estamos incentivando o microcrédito, que é um mecanismo de inclusão. Estamos incentivando o corporativismo, que está crescendo bastante e também é um mecanismo de inclusão. Estamos tentando baratear os juros fazendo com que as pessoas consigam usar as casas delas como colateral para ter juros mais baixos. Modificamos a forma de financiar casas, introduzimos o IPCA e fizemos várias mudanças no financiamento imobiliário. A parcela média de um imóvel de mais baixa renda caiu quase 30%. Então, são mais pessoas comprando mais imóveis, gerando mais consumo".

Com isso, o presidente do BC afirma que no momento não há superendividamento: "Vejo que algumas pessoas têm escrito sobre o superendividamento. A dívida em relação ao PIB no Brasil é de 48%, enquanto a média de mercado emergente está em 140. Então, não procede de argumentos que o Brasil é superendividado."

"Com os juros mais baixo e a parcela mais baixa, o estoque de dívida, em termos de endividamento e comprometimento de renda, é menor. É óbvio que o Banco Central se preocupa e estamos observando esse movimento. Quando a dívida de uma pessoa física começa a crescer muito rápido sem ter aumento de renda, obviamente acende uma luz amarela e nós estamos olhando, por isso que comemoramos muito no final do ano passado quando começamos a ter pela primeira vez um aumento de renda real", conclui Campos Neto.

Câmbio alto

Quando perguntado sobre a fala polêmica do ministro da Economia, Paulo Guedes, que alegou que o dólar alto é bom para todo mundo e que, quando o câmbio estava baixo, empregada doméstica ia para a Disney, Campos Neto se esquivou: "O câmbio é flutuante. Faz parte de uma política que o Banco Central vem adotando que chamamos de política da separação, o princípio da separação, que é sobre usar os juros da política monetária. O câmbio é flutuante e as ações macroprudenciais são para estabilidade financeira."

Em relação ao câmbio, ele exclama: "Houve um movimento bastante interessante nos últimos tempos. Geralmente, a desvalorização de câmbio no passado vinha sempre acompanhada de uma piora na percepção de risco Brasil. Era uma saída de recurso que fazia com que a bolsa tivesse uma queda grande. As taxas de juros longas subiam para mostrar uma incerteza em um período longo em relação à inflação, e o risco Brasil subia. Então, vimos no ano passado e na continuação desse ano que houve uma diferenciação."

Ele continua: "Na primeira parte do ano passado tivemos uma grande demanda por um mercado à vista de dólar, porque exatamente nesta nova política monetária onde os juros estão mais baixos em um curto prazo e onde os juros estão mais baixos no médio e longo prazo, o que aconteceu é que grandes empresas entenderam que é melhor ter dívida em real, porque a taxa em números era mais baixa."

"Foi um movimento bastante grande de empresas que emitiam dívida local, compravam dólar à vista para mandar para fora e pré-pagar a dívida em dólar", explica Campos Neto.

"Esse movimento aconteceu durante um tempo aliado a outros fatores, obviamente. Mas a gente teve essa desvalorização, que não veio acompanhada de uma piora no risco, e tivemos um movimento onde o Brasil teve uma pequena descolada das outras moedas e realmente piorou um pouco, desvalorizando mais nos últimos dias. Mas os juros, tanto médio quanto logo prazo, estão fechando, que foi o que aconteceu nesta quarta-feira e a bolsa voltou a subir um pouco", finaliza.

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