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Coronavírus leva EUA a fazer 1º corte emergencial de juros desde 2008

O presidente Donald Trump anunciou na semana passada a primeira morte nos EUA coronavírus - Joshua Roberts/Reuters
O presidente Donald Trump anunciou na semana passada a primeira morte nos EUA coronavírus Imagem: Joshua Roberts/Reuters

Do UOL, em São Paulo

03/03/2020 12h13

O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, anunciou hoje um corte de juros emergencial de 0,5 ponto percentual. A decisão foi tomada em uma reunião que não estava programada. É a primeira vez que o Fed faz um corte de emergência desde a crise financeira de 2008. Com isso, as taxas agora ficam entre 1% e 1,25%.

Bancos centrais do mundo todo têm discutido cortes de juros para estimular a economia e lidar com os efeitos econômicos do coronavírus. Em comunicado, o Fed disse que "os fundamentos da economia dos EUA permanecem fortes. No entanto, o coronavírus apresenta riscos crescentes para a atividade econômica. À luz desses riscos e em apoio ao cumprimento de suas metas de máximo emprego e estabilidade de preços, o Comitê Federal de Mercado Aberto decidiu hoje reduzir a meta".

A decisão foi unânime entre os membros do comitê que decide os juros.

A decisão do Fed de cortar os juros antes de sua próxima reunião, marcada para 17 a 18 de março, reflete a urgência com a qual o órgão sente que precisa agir para evitar a possibilidade de uma recessão global.

Cortes na previsão de crescimento global

Nesta semana, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), reduziu sua previsão para o crescimento mundial em 2020, de 2,9% para 2,4%. A economia dos EUA será uma das mais resistentes, segundo o órgão, com uma previsão de crescimento de 1,9%.

A China, locomotiva do crescimento mundial há três décadas, deve crescer 4,9% em 2020, 0,8 ponto a menos que na previsão anterior, previu a OCDE.

O crescimento da zona do euro perderá 0,3 ponto percentual, a 0,8%, enquanto a Itália, principal foco de coronavírus na Europa, perderá 0,4 e terá crescimento zero em 2020.

"A contração da produção na China teve efeitos em todo o mundo, prova da importância crescente da China nas cadeias de abastecimento mundiais e nos mercados de matérias-primas", explicou a entidade.

Países discutem medidas econômicas

Há mais de 90 mil casos em todo o mundo do novo coronavírus, dos quais mais de 80 mil na China, e infecções aparecendo em 77 outros países e territórios. O último país a relatar seu primeiro caso foi a Ucrânia.

Os ministros das Finanças do G7, os países mais ricos do mundo, disseram que estão prontos para agir, inclusive com medidas fiscais quando apropriado, segundo o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso. Os bancos centrais continuarão apoiando a estabilidade de preços e o crescimento econômico, disse.

"Nós reafirmamos nosso compromisso de adotar todas as medidas políticas apropriadas para proteger a economia dos riscos negativos apresentados pelo coronavírus, e que estamos prontos para cooperar ainda mais com medidas oportunas e eficazes", afirmou Aso.

Ele não especificou detalhes e disse que a resposta vai variar de país para país.

As ações globais sofreram fortes quedas na semana passada, com temores de que a interrupção das cadeias de suprimentos, da produção industrial e das viagens globais causadas pela epidemia possa causar um duro golpe para uma economia mundial que tenta se recuperar da guerra comercial EUA-China.

Trump pediu hoje corte de juros

Mais cedo, o presidente dos EUA, Donald Trump, pediu ao Fed que fizesse um "corte grande" nos juros, afirmando que custos de empréstimos mais altos são difíceis para seus exportadores e colocam o país em desvantagem.

"Nosso Federal Reserve nos deixa pagando taxas de juros mais altas do que muitos outros, quando deveríamos estar pagando menos. Duro para nossos exportadores e coloca os EUA em desvantagem competitiva. Tem que ser o contrário. Deveria afrouxar e fazer um corte grande", disse Trump no Twitter.

Trump vem repetidamente criticando o presidente do Fed, Jerome Powell, e vem dizendo que o banco central tem mantido os juros altos demais.

(Com Reuters)

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