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Momento agora é de fazer o pequeno vender mais, diz CEO do PagSeguro

Do UOL, em São Paulo

27/04/2020 14h54

Ricardo Dutra, CEO do PagSeguro, afirmou hoje que o momento atual exige uma preocupação maior com pequenas empresas e com a participação delas na atividade econômica. Dutra foi um dos convidados do UOL Debate desta segunda-feira, que colocou em pauta a atuação de fintechs durante a pandemia do novo coronavírus.

"Nesse momento, a gente precisa pensar diferente, e, aí sim, a gente vai pensar em eficiência", analisou.

Além do CEO do PagSeguro, participaram do debate Tulio Oliveira, vice-presidente do MercadoPago; Fabiano Camperlingo, CEO da SumUp no Brasil; Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, e Eduardo Neger, presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet).

Segundo Dutra, com os reflexos da covid-19, o momento não é de priorizar o crescimento econômico, mas de viabilizar uma situação que possibilite o crescimento sólido mais adiante. "O momento agora é fazer o pequeno vender mais", afirmou.

"Não dá para desvincular questão política da econômica. Até certo ponto, a economia anda sozinha, mas não dá para dizer que uma coisa não impacta outra", avaliou. "Deixaria questão de crescimento, PIB, política para um segundo momento."

Questão de adaptação

Para Oliveira, vice-presidente do MercadoPago, embora a situação seja conturbada, as empresas do mercado brasileiro já conviveram com outras crises. Por isso, precisam saber como se conduzir neste cenário.

"Crise política tem a cada poucos anos. É uma constante nossa. A gente tem que saber conviver nesse cenário de fazer negócios. Empresas se adaptam rápido, a gente está muito focado em como é que a gente ajuda nosso cliente", disse.

Por isso, as fintechs concordam que é o caso de buscar a compreensão do momento para oferecer respostas a consumidores e empreendedores.

"Já existiam shows ao vivo há décadas, e agora surgiram as lives. O que é live? Show ao vivo! Só um exemplo de como as coisas estão mudando", comparou Ricardo Dutra. "Sem dúvidas, essa crise vai passar — tem início, meio e fim. Mas é sem precedentes. Crise mundial e sem precedentes. O mundo inteiro está passando por isso, a economia de todo mundo está sofrendo", destacou.

O ponto de vista é parecido com o de Tulio Oliveira, que pede cautela.

"A gente entende o contexto político, mas é o momento de (...) pensar no cliente: como a gente ajuda, como é que a gente como organização faz o bem para a sociedade e entrega os valores", analisou. "Nosso público é sensível ao que é feito no mundo político. A gente tem que estar pronto para ajudar", acrescentou.

PIX não deveria ser prioridade

Os especialistas ainda comentaram a criação do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos que o Banco Central anunciou. Ricardo Dutra disse que a iniciativa é bem-vinda, mas criticou o momento em que ela se materializa.

"Sinceramente, no meio dessa pandemia eu acho que não deveria ser prioridade", afirmou. Segundo Dutra, "o foco agora está em trazer soluções sobre como fazer nosso cliente vender mais" em meio ao coronavírus.

Para Eduardo Neger, esse modelo de pagamentos já é uma realidade para as fintechs, mas a intenção do governo é "padronizar" dentro de outras instituições financeiras.

"Pagamentos instantâneos têm que ser implementados", afirmou Neger.

Na opinião de Fabiano Camperlingo, CEO da SumUP, o processo de digitalização das transações pode trazer mais segurança. "Não vai exigir nenhum esforço adicional, desenvolvido fora do que a gente já tem", disse.

Por fim, Tulio Oliveira, vice-presidente do MercadoPago, percebeu que o "fato de as pessoas estarem em casa acelerou a migração para o mundo digital".