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Bilionário Lemann lembra de falência e de 'suspensão' de Harvard após bomba

Jorge Paulo Lemann em entrevista a canal do Youtube - Reprodução
Jorge Paulo Lemann em entrevista a canal do Youtube Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

28/04/2020 19h10

O investidor Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil segundo ranking da revista "Forbes", é admirado por muitos como um grande empresário. Mas sua trajetória não foi marcada apenas por sucessos.

Em entrevista ao canal do Youtube da Constellation, gestora de investimentos da qual é sócio, Lemann contou sobre suas primeiras experiências no mundo dos negócios, incluindo em uma financeira que faliu após quatro anos, e os anos de juventude, como quando levou bombas de São João para a universidade de Harvard, nos EUA.

Falência

Formado na universidade americana de Harvard, Lemann conta que se associou a outros profissionais formados em universidades tradicionais americanas, após largar a carreira de tenista.

"Era uma financeira. Todo mundo queria fazer negócios, negócios brilhantes, todo mundo queria vender coisas e ninguém queria administrar. Ninguém sabia dar crédito. Falimos basicamente porque a empresa emprestou dinheiro muito mal", lembra. "Escolhi as pessoas erradas."

Bombas em Harvard

Lemann falou sobre a experiência em Harvard. "Eu não tinha um perfil muito acadêmico, gostava mesmo era de surfar e jogar tênis."

"Não gostava no início, tinha que estudar muito, era frio. Tive problemas no primeiro ano. Soltei umas bombas lá no Harvard Yard (área do campus). Bombas de São João, brasileiras", conta. "E aí recomendaram que eu me ausentasse."

Isso não impediu que ele voltasse e se formasse na universidade, antes de seguir para a Suíça, onde iniciou sua trajetória como tenista, antes de entrar de vez na carreira empresarial.

Compra da Brahma

O investidor contou sobre a compra da cervejaria Brahma no final dos anos 1980. "Passei dez anos tentando comprar a Brahma", afirmou.

Segundo ele, a maioria de seus sócios na compra era a favor do negócio, mas havia alguns contra.

"Os argumentos deles eram mais técnicos e monetários, e os meus argumentos eram: país quente, população jovem, empresa mal-tocada. Olha aí, na América do Sul, todos os cervejeiros são riquíssimos. Não podem ser mais inteligentes do que nós."

Crise do coronavírus

Lemann também falou sobre o impacto da atual crise econômica na cervejaria AB Inbev, controlada pela 3G Capital, da qual é sócio.

"A ABI já valeu US$ 180 bilhões, agora caiu para baixo de US$ 100 bilhões no momento. Está nesta crise que ninguém sabe o que vai acontecer com o mercado financeiro. Estamos nos adequando à crise e, sem dúvida, dentro de alguns anos vai valer bem mais do que agora", disse.

Ele afirmou que a crise atual é diferente das demais que viveu por ter um "componente saúde", e não apenas financeiro, mas disse estar otimista de que ela passará nos próximos meses.

"Acho que tem muita oportunidade agora", afirma. "Eu pegaria seu dinheiro, tomaria um risco grande comprando algumas ações que estão baratas."

Sobre ser o homem mais rico do Brasil, de acordo com o ranking da revista "Forbes", Lemann disse não gostar do título.

"Gostaria de nem constar nessas listas. Eu acho uma chateação", disse "Se estar mais rico ou menos rico mudou a minha alegria? Chego à conclusão que não mudou a alegria", listando o que gosta, como fazer negócios, sua família e ajudar pessoas. Ainda assim, não nega que "obviamente, um pouco de dinheiro ajuda."