Abilio Diniz diz que saída de Moro criou ruído, mas Guedes acalmou mercado
O empresário Abilio Diniz, 83 anos, disse que nunca viveu nada parecido que a crise mundial atual ocasionada pelo novo coronavírus.
Em entrevista à revista "Veja", ele analisa que a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça criou muita tensão e um ruído grande na economia, mas o mercado se acalmou com o Paulo Guedes no comando.
"A bolsa mergulhou por causa disso. Parecia que seria o começo de uma crise política mais grave, que traria ainda mais incertezas. Com o presidente reafirmando o comando de Paulo Guedes na área econômica, o mercado se acalmou com a sinalização de que a economia seguirá na linha defendida por ele. Ruídos sempre existirão e são naturais numa democracia como a brasileira, ainda mais num momento tão duro e confuso".
Diniz elogiou o pacote de medidas econômicas do governo para enfrentar os efeitos da pandemia e a condução do presidente Jair Bolsonaro.
Acredito que o presidente quer o melhor para todos. Posso falar sobre o que eu entendo: economia. E, nessa área, o trabalho que vem sendo feito é realmente belo, e vejo Bolsonaro apoiando isso
"Nesta crise, o liberal Paulo Guedes virou 'Guedes, o keynesiano'. Isso aconteceu porque é preciso. Mas não apaga o excelente trabalho anterior envolvendo as reformas. O país já não crescia mesmo antes da crise do coronavírus. Olhe para os estados: qual deles não tem uma dívida imensa? É uma difícil questão política resolver isso".
Diniz destacou que, embora nunca tenha vivido nada parecido com a atual pandemia, há uma questão que não difere de nenhuma das outras: toda crise tem início, meio e fim.
"E há algumas palavras de ordem para enfrentar uma crise: serenidade, solidariedade, esperança e mudança. Períodos assim são propensos a mudanças, e tenho uma grande expectativa de que, na retomada, vamos começar a criar um mundo novo, com um olhar mais preocupado com a desigualdade e a inclusão social".
'Entregar 600 reais às famílias soa como música para mim'
Presidente do Conselho de Administração da Península Participações e membro dos Conselhos de Administração do Grupo Carrefour, Abilio acredita que as medidas anunciadas de proteção de emprego e renda no país estão no caminho certo.
"Em toda a minha vida, eu sempre defendi a inclusão e o crescimento por meio da distribuição de renda", disse ela, que elogiou o auxílio emergencial do governo.
"O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o total de auxílio poderá chegar a 700 bilhões de reais. E essa questão de entregar 600 reais às famílias soa como música para mim. Esses recursos vão para pessoas que praticamente não existiam para o governo", analisa.
O empresário destaca que são trabalhadores informais invisíveis que receberão o auxílio.
"Nunca vi em nenhum governo uma ajuda tão importante quanto a que este está dando a essas pessoas. E o mais importante: a medida deve impactar 40 milhões de brasileiros, quase um quinto de toda a população".
Diniz conta que viveu todo o processo de nascimento da Constituição de 1988 e, já naquela época via que algumas amarras atrapalhariam o desenvolvimento do país.
"É preciso desatar esses nós da Constituição. Quando Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff ou Michel Temer estavam na Presidência, eu sempre dizia a eles que o problema está nos nós da Constituição. Por isso as reformas que Guedes planejou são tão importantes".
Fundo de R$ 50 milhões
Para estimular outros empresários, o empresário e sua família criaram um fundo de R$ 50 milhões para apoiar o combate à pandemia e a retomada da economia, e decidiram divulgar a ação.
"Minha mulher e minha filha estão trabalhando com cestas básicas e a outra parte do dinheiro irá para o fundo Estímulo 2020. Queremos criar linhas de crédito para pequenas empresas, para empresários que precisem de R$ 30.000, 50.000 ou 80.000. Eles não têm acesso a capital de giro, e isso será muito relevante para manter esses pequenos empreendimentos. Formamos um comitê para selecionar os melhores investimentos".
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