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Investimento cresce, mas pandemia e queda do petróleo devem mudar tendência

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

29/05/2020 12h02

O investimento na economia brasileira teve no primeiro trimestre deste ano um crescimento de 3% em relação ao trimestre anterior, encerrado em dezembro. Na comparação com o mesmo trimestre de 2019, o avanço foi de 4,3%, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na comparação com o trimestre anterior, esse foi o melhor desempenho desse indicador desde o terceiro trimestre de 2018, quando a variação tinha sido de 4,5%. Segundo o IBGE, o desempenho do investimento apurado entre janeiro e março no Brasil foi determinado pelo crescimento das importações de máquinas e equipamentos, em especial na atividade de óleo e gás.

Para economistas, esse desempenho pode ser um sinal de que os empresários estavam se preparando para uma retomada da economia em 2020. Isso explicaria a importação de equipamentos para ampliar ou modernizar a produção.

Mas duas crises podem interromper esse ciclo de investimentos, apontam os especialistas. Primeiro, a forte desvalorização do petróleo, que deve desestimular a ampliação da exploração da commodity no mundo, inclusive no Brasil. E a pandemia do coronavírus, que levou a medidas de isolamento social e provocou um choque do consumo, o que tende a interromper os planos de expansão da produção pelos empresários.

Taxa de investimento

Com o resultado do primeiro trimestre de 2020, a taxa de investimento no Brasil em relação ao PIB subiu a 15,8%, acima do observado no mesmo período do ano anterior (15%). Já a taxa de poupança subiu para 14,1% no primeiro trimestre de 2020, ante 12,2% no mesmo período de 2019.

Economistas destacam que em condições normais, fora de ambientes de crise, o Brasil precisaria de investimentos da ordem de pelo menos 20% do PIB para retomar o crescimento de forma mais intensa.

A falta de investimentos internos explica em parte o aumento da necessidade de financiamento do país no exterior, que alcançou R$ 58,3 bilhões ante R$ 57,5 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Segundo o IBGE, o aumento da necessidade de financiamento é explicado, principalmente, pela redução de R$ 8 bilhões no saldo externo de bens e serviços e pela redução de R$ 6,6 bilhões em renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo.