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Combate à desigualdade se tornou urgente com coronavírus, dizem economistas

Laura Carvalho no Conversa com Bial - Reprodução/vídeo
Laura Carvalho no Conversa com Bial Imagem: Reprodução/vídeo

Colaboração para o UOL

26/06/2020 08h46

Os economistas Armínio Fraga e Laura Carvalho afirmaram que a pandemia do novo coronavírus tornou o combate à desigualdade uma medida urgente para o Brasil. Os dois participaram do programa "Conversa com Bial", da Globo, exibido na madrugada de hoje.

Laura, autora do livro recém-lançado "Curto-circuito: o vírus e a volta do Estado", escrito sob os efeitos da pandemia, afirmou que a crise sanitária, e consequentemente a econômica, não afetou todos da mesma forma. No caso dos mais pobres, além de estarem mais sujeitos à contaminação da covid-19, são os mais prejudicados economicamente.

"A perda de renda é maior e mais rápida para aqueles que não tinham reservas e nem empregos estáveis", disse a economista sobre a população periférica, que enfrenta problemas como não conseguir parar de trabalhar para não passar fome, morar com muitas pessoas em um espaço pequeno, depender de transportes públicos e não ter acesso à água e saneamento básico.

Ex-presidente do Banco Central no governo FHC, Fraga disse que é necessário ir além da pobreza e é preciso combater a desigualdade com políticas sociais, investindo em saúde e educação, formas de investir no crescimento do país. Ele já foi aluno do ministro da Economia, Paulo Guedes.

"A desigualdade é extrema, mas temos que ir além da pobreza", afirmou, que disse ser necessário investimento em três áreas. "Estou realmente convencido de que os remédios para se tratar da desigualdade são também os mesmos que vão ajudar o país a crescer mais, que é melhorar a qualidade da nossa educação, da nossa saúde e da nossa infraestrutura. Investir no social é investir no crescimento".

Laura acrescentou: "A desigualdade também traz custos próprios. É evidente que reduzir a pobreza extrema é uma prioridade, mas a diferença entre ricos e pobres, essa alta concentração no topo, traz consequências, e não é só a violência e a segurança pública, que são coisas que têm a ver com desigualdade e não só com a pobreza, mas também consequências para o sistema político".

"Então, a concentração de renda também acaba se tornando concentração de riqueza e de poder e, de alguma forma, isso faz com que fiquemos limitados na capacidade de atender no conjunto da sociedade, como o orçamento público, por exemplo, que acaba sendo capturado por interesse de poucos porque temos essa estrutura tão concentrada", concluiu a economista.