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Marina culpa governo por fuga de investimentos: 'estamos indo na contramão'

Ex-ministra do Meio Ambiente vê receio de investidores causado por descontrole do desmatamento - Lucas Lima/UOL/Folhapress
Ex-ministra do Meio Ambiente vê receio de investidores causado por descontrole do desmatamento Imagem: Lucas Lima/UOL/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

06/07/2020 10h34

A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata à presidência nas últimas três eleições, Marina Silva (Rede Sustentabilidade), disse hoje que o governo federal é o culpado por afastar investimentos de fundos trilionários graças à sua política de combate ao desmatamento na Amazônia. Para Marina, o Brasil está "indo na contramão" do mundo.

"Todo o processo de soerguimento das economias agora durante a pandemia, na França, na Inglaterra, principalmente na Alemanha, e na Holanda, está caminhando na direção de fazer uma sinergia, que os recursos usados para soerguer a economia já sejam feitos para a economia verde, de baixo carbono", disse Marina em entrevista à Globonews.

"E no Brasil estamos indo na contramão. É por isso que vários fundos trilionários estão se recusando a investir no Brasil", completou Marina.

Segundo o Estado de S. Paulo, o governo do presidente Jair Bolsonaro prepara uma carta para tentar tranquilizar os bancos em relação às políticas federais para aliar a preservação do meio ambiente ao desenvolvimento da economia. A resposta vem após fundos trilionários cobrarem Bolsonaro a controlar o desmatamento crescente na Amazônia.

"O Brasil é uma potência agrícola porque é uma potência hídrica, e só é uma potência hídrica porque é uma potência florestal. Sem a floresta vamos entrar num processo dramático, não só em relação à agricultura, mas da própria indústria, são regiões absolutamente densas sofrendo problemas de abastecimento da água. Meio ambiente e economia podem andar juntos e eu nem digo que é uma questão de compatibilizar, é integrar. O mundo está caminhando nessa direção", argumentou a ex-ministra.

Marina também criticou a atuação do vice-presidente Hamilton Mourão no Conselho da Nacional da Amazônia, que foi transferido recentemente do Ministério do Meio Ambiente para a vice-presidência. Mourão chegou a afirmar que o desmatamento em maio na região tinha caído a um mínimo histórico, contrariando dados do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais).

"Temos o desmatamento fora de controle, já temos mais de 2 mil focos de queimadas no mês de junho, é o maior número nos últimos 13 anos. E uma postura do vice-presidente que acaba desqualificando os dados do Inpe, porque ele disse que ia depurar esses dados e que as queimadas nesse período eram algo natural em função do preparo da lavoura. O desmatamento que acontece não é comum", disse Marina.

"O que está acontecendo no Brasil é uma junção de marcos regulatórios que estão ameaçando serem criados para facilitar ainda mais o desmatamento ilegal, o garimpo ilegal, a grilagem de terras, todas essas coisas que são terríveis do ponto de vista da agenda da redução de desmatamento e emissão de CO2 por queima de floresta. É isso que está fazendo com que vários investidores digam que não vão investir no Brasil", concluiu.