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Dólar sobe 0,27% e fecha a R$ 5,289, após Bolsonaro "proibir" Renda Brasil

Do UOL, em São Paulo

15/09/2020 17h14

O dólar comercial terminou a sessão de hoje (15) em alta de 0,27%, cotado a R$ 5,289 na venda, após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) divulgar hoje um vídeo nas redes sociais desautorizando mais uma vez a equipe do ministro Paulo Guedes. Bolsonaro "proibiu" discussões sobre o Renda Brasil, que substituiria o Bolsa Família.

Ontem (14) a moeda norte-americana tinha desvalorizado 1,1%, negociado por R$ 5,275.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, fechou praticamente estável, com leve alta de 0,02%, a 100.297,91 pontos. Ontem (14), o índice fechou com alta de 1,94%, a 100.274,523 pontos.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Renda Brasil engavetado

Em um vídeo publicado nesta manhã em suas redes sociais, Bolsonaro afirmou que o governo não irá mais criar o programa Renda Brasil. "Até 2022, no meu governo, está proibido falar em Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final", disse o presidente.

Diante das notícias do dia, os mercados rapidamente adotaram postura mais cautelosa.

"Há apreensão política, muito receio", disse à agência de notícias Reuters Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, citando temores sobre a possibilidade de Guedes deixar o cargo depois da decisão do presidente de enterrar o programa —que o governo via como o caminho para deixar sua marca e atrair o apoio das famílias mais pobres.

Após as declarações do presidente, o ministro da Economia negou que tenha recebido o "cartão vermelho" citado por Bolsonaro no vídeo.

"O cartão vermelho não foi para mim. Conversei com o presidente hoje cedo. Conversamos sobre as notícias dos jornais. Eu lamentei muito essa interpretação porque, na verdade, tem uma PEC falando justamente em devolver à classe política brasileira o comando sobre os orçamentos públicos", disse Guedes durante um evento.

Otimismo externo

Pela manhã, dados mostraram que a produção industrial da China acelerou no ritmo mais forte em oito meses em agosto, enquanto as vendas varejistas cresceram pela primeira vez no ano, sugerindo que a recuperação na segunda maior economia do mundo está ganhando terreno.

"Tudo que envolve a China tem um impacto muito forte e efeito de tração para o bom humor, mostrando que a economia chinesa cresceu de forma mais célere do que se imaginava", explicou Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

Mas, "apesar dos dados, o mercado fica um tanto cauteloso à medida que os investidores aguardam decisões de juros", acrescentou.

Juros no Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil iniciou nesta terça-feira sua reunião de decisão de juros. Amanhã, ao final de seu encontro, a expectativa é que o BC mantenha a taxa básica de juros Selic na mínima recorde de 2%.

Nos EUA, nesta semana, também é realizada a reunião do Fed, o banco central do país. Será a primeira desde que o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, decidiu mudar a política monetária dos EUA em direção a uma maior tolerância quanto à inflação, prometendo manter os juros baixos por mais tempo.

*Com Reuters