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Caixa permite adiar parte da parcela da casa própria; vale a pena?

Colaboração para o UOL, de Campinas (SP)

01/11/2020 04h00

A Caixa Econômica Federal passou a oferecer a quem tem financiamento imobiliário a opção de pagar 50% da parcela por três meses ou 75% da parcela por seis meses, um alívio temporário para quem enfrenta dificuldades por causa da crise.

Vale a pena aderir à medida? Quando o prazo acabar, o que acontecerá com as parcelas? O UOL consultou o planejador financeiro José Masini, da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros), para fazer as contas.

Os clientes poderão pagar 50% da mensalidade por três meses, ou 75% do valor mensal por seis meses, dependendo do seu perfil. Não significa que os clientes terão desconto, já que os valores não pagos deverão ser quitados depois, ao longo do tempo restante de contrato.

Financiamento de imóvel de R$ 300 mil

Para a simulação, foi considerado um imóvel nas seguintes condições:

  • No valor de R$ 300 mil, financiado em 20 anos, sendo que dez deles já foram quitados
  • Taxa de juros a 8% ao ano, considerada média
  • Tabela SAC, na qual as parcelas caem mês a mês
  • Considerando que a Caixa faça um refinanciamento do valor restante, somando o que for diluído nas demais parcelas
  • Pagamento de taxas, como a administrativa mensal (R$ 25), e percentuais de seguro por morte ou invalidez (0,018%), seguro por danos físicos ao imóvel (0,013%) e taxa referencial (0,1%)

No financiamento deste imóvel, se o cliente continuar pagando as parcelas cheias e não aderir aos pagamentos parciais, terá desembolsado, ao final do contrato, R$ 599.017.

Se pagar 50% da parcela por três meses

Nesse caso, o mutuário já teria pago R$ 370,1 mil. Ao final dos três meses de pagamentos parciais, o cliente terá deixado de quitar R$ 3.712.

Considerando a taxa de juros de 8% no refinanciamento, o valor do contrato terá acréscimo de R$ 4.931.

  • Valor pago até parcela 120: R$ 370.129
  • Total do desconto nos três meses: R$ 3.712
  • Refinanciamento do desconto para ser quitado com as demais parcelas: R$ 4.931
  • Valor a mais em cada parcela após o desconto: R$ 73,87
  • Total do contrato: R$ 603.948

Se pagar 75% da parcela em seis meses

Nesse caso, o mutuário também já teria pago R$ 370,1 mil. Ao fim dos seis meses de pagamentos parciais, o cliente terá deixando de quitar R$ 3.700.

No refinanciamento, o valor total do contrato terá acréscimo de R$ 4.834.

  • Valor pago até a parcela 120: R$ R$ 370.129
  • Total do desconto nos seis meses: R$ 3.700
  • Refinanciamento do desconto para ser quitado com as demais parcelas: R$ 4.834
  • Valor a mais em cada parcela após o desconto: R$ 74,86
  • Total do contrato: R$ 603.851

Alívio temporário

Para Masini, vale a pena aderir à medida caso o número de parcelas a pagar seja grande, de pelo menos 72 meses. "Nos casos em que faltam poucas parcelas, o alívio será por pouco tempo e não haverá parcelas suficientes para diluir a redução", disse.

Para o professor de economia da PUC-Campinas Eli Borochovicius, o valor final do financiamento fica mais caro, mas aderir à medida pode significar um alívio no momento de pandemia.

"Estamos em um momento em que salários e jornadas estão reduzidos. Então é positivo dar esse 'alívio' provisório na parcela de um imóvel, mesmo que o valor aumente um pouco depois", disse.

Roque Neto, professor de economia da Esamc (Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação), lembra que os juros estão em patamares historicamente baixos. Portanto, o cliente também pode conseguir renegociar o financiamento.

"Se houver mais queda [na taxa básica de juros], vale a pena procurar o banco para tentar um refinanciamento", afirma.