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Brasil deve deixar de ser uma das 10 maiores economias do mundo, diz estudo

Desvalorização do real frente ao dólar é o principal motivo da saída do Brasil do "top 10", diz estudo da FGV - iStock/TeamOktopus
Desvalorização do real frente ao dólar é o principal motivo da saída do Brasil do 'top 10', diz estudo da FGV Imagem: iStock/TeamOktopus

Do UOL, em São Paulo

09/11/2020 12h35Atualizada em 10/11/2020 14h35

Impactado pela pandemia do novo coronavírus e por uma forte desvalorização cambial, o Brasil deve deixar o 'top 10' de países com maiores PIBs (Produto Interno Bruto) em valores nominais em 2020, segundo estudo de pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

No estudo, os economistas Marcel Balassiano e Claudio Considera utilizam dados do FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgados em outubro para mensurar que o Brasil deve deixar o posto de nono maior PIB nominal do mundo em 2019 e se tornar o 12º maior em 2020.

Em dólares, o PIB brasileiro passaria de US$ 1,8 trilhão em 2019 (R$ 7,1 trilhões na cotação média do ano passado, R$ 9,6 trilhões na atual) para US$ 1,4 trilhão em 2020 (R$ 7,182 trilhões na cotação média de 2020, R$ 7,5 tri na atual), seguindo o movimento recessivo de nove das dez maiores economias do mundo em 2020 (a exceção é a China) devido à crise gerada pela covid-19.

Com a queda, o Brasil seria ultrapassado pelo Canadá, pela Coreia do Sul e pela Rússia, que ocupariam da nona até a 11ª colocação, respectivamente.

Segundo os pesquisadores, a crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus é um agravante, mas a queda é explicada principalmente pela forte desvalorização cambial do real frente ao dólar americano, que já passa dos 40%.

"Vale frisar que a forte desvalorização cambial que o Brasil passou nesse ano é mais um reflexo do aumento do risco do Brasil, principalmente do lado fiscal", dizem os pesquisadores no estudo.

"Bolsa, risco (CDS), câmbio, juros futuros. Todas essas variáveis mostram as incertezas e o risco embutido no Brasil", continuam.

PPC

Diferentemente da queda em valores nominais, na métrica do PIB por PPC (Paridade por Poder de Compra) o Brasil deve subir duas posições no 'top 10', saindo da décima posição para a oitava, ultrapassando o Reino Unido e a França.

A diferença de quatro posições da economia brasileira nas duas métricas, segundo o estudo, se deve justamente à desvalorização cambial, já que, enquanto o cálculo nominal é feito levando em conta o câmbio, o por PPC, não - e, daí, o melhor resultado.

De qualquer forma, em ambas as métricas o Brasil não recupera a posição que tinha em 2011, quando era o 7º maior PIB do mundo tanto em valores nominais como por PPC.

"Caso não tivesse o coronavírus, a década atual já seria a 'mais perdida' em termos de crescimento econômico dos últimos 120 anos, pior do que os anos 1980, chamados de 'década perdida'", diz o estudo.