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Quadrilhas usam "golpe do amor" para extorquir dinheiro de vítimas

Placa do prédio da Receita Federal em Brasília - Sergio Lima/Folhapress
Placa do prédio da Receita Federal em Brasília Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Colaboração para o UOL

28/04/2021 22h21Atualizada em 29/04/2021 13h48

A Receita Federal faz um alerta para que a população se proteja e evite cair no novo "golpe do amor", que consiste na cobrança de valores em dinheiro em espécie ou conta corrente, para a liberação de encomendas. A extorsão em questão já é conhecida e consiste em exigir valores para que as vítimas tenham acesso a bens e dinheiro em espécie supostamente retidos em aeroportos.

O nome foi dado porque a Receita Federal já recebeu relatos de casos em que golpistas fizeram propostas de casamento e anunciaram que mandariam caixas contendo presentes diversos para conseguir enganar as vítimas. Há casos em que os golpistas afirmam que desejam morar no Brasil e a suposta encomenda retida na alfândega seria parte de sua mudança, ou algo de valor enviado a título de presente para a vítima.

Outras histórias falsas envolvem inventar uma doença grave, enviar fotos fictícias de uma pessoa sendo medicada e em seguida o golpista informa à vítima o envio de seus bens e dinheiro e pede depósito de valores para o tratamento, alegando que tudo o que tinha já foi enviado ao Brasil. Nesses casos, as vítimas só descobrem que foram enganadas quando vão buscar uma encomenda que não existe e foi paga ao golpista.

Como é feito

O golpe acontece, primeiro, com a escolha da vítima por parte da quadrilha. Após iniciar conversas amorosas com fotos de uma pessoa fictícia, vêm as falsas declarações de amor e conversas sobre o desejo de se mudar para o Brasil e assim poder viver perto da vítima. Em seguida, os membros da quadrilha afirmam que estão mandando uma caixa (muitas vezes mandam fotos) com joias, numerários e outros itens, que supostamente foram retidos pela Receita Federal e, para retirá-la, a vítima do golpe do amor precisa fazer um depósito de um valor, que geralmente varia de R$ 2.500 a R$ 4.000. Em alguns casos, o golpista afirma que tem um intermediário no envio da tal caixa e pede que todo o depósito, ou parte dele, seja feito no nome dessa pessoa.

Depois disso, se a vítima acredita e faz o pagamento, os membros da quadrilha a bloqueiam em todos os meios possíveis de contato e desaparecem. Há também a possibilidade de o valor ser pago e a pessoa enganada procurar a Receita Federal em busca da tal caixa após ser bloqueada pelos golpistas.

Aumento dos casos

O golpe vem sendo bastante aplicado na Alfândega de Guarulhos, em São Paulo, onde se constatou um aumento significativo de pessoas ligando e enviando e-mails para confirmar as instruções recebidas pelos golpistas, que lhes orientaram a efetuar depósitos em contas de pessoas físicas como condição para liberar valores ou encomendas supostamente retidos pela Receita Federal.

Para se ter uma ideia do aumento da incidência das tentativas de aplicação do golpe, segundo a alfândega, em 2019 eram recebidas cerca de 12 ligações desse tipo por dia. O número passou para uma média de 24 em 2020 e em 2021, que ainda nem chegou à metade, já são cerca de 35 por dia.

Uma novidade que os golpistas têm utilizado para tentar levar vantagem em cima da boa fé alheia é a ferramenta bancária Pix, que permite a transferência imediata de valores de uma conta para outra. Em alguns casos, as vítimas recebem um documento intitulado "Desembaraço Alfandegário" com descrições falsas, geralmente informando a chegada de um pacote de dinheiro, dados da conta, forma de pagamento e o valor.

Como prevenir

Para se proteger do golpe do amor ou de qualquer outro semelhante a ele, a Receita recomenda jamais realizar pagamentos a pessoas físicas sem antes verificar com os órgãos competentes se o procedimento está de fato correto.

Neste caso, se alguém lhe disser que uma encomenda está retida na alfândega, jamais realize pagamentos a pessoas físicas. A Receita informa que não realiza cobranças de tributos aduaneiros em dinheiro, mas unicamente por meio de Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais). Além disso, caso exista uma encomenda por via postal, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é a responsável pelos procedimentos de liberação da mercadoria.

Algumas quadrilhas são tão especializadas que chegam a criar sites falsos de empresas de remessas expressas que incluem até mesmo um falso rastreamento da suposta encomenda, que encaminham para a vítima junto a mensagens com informações de contatos falsos de fiscais da Receita. Para verificar o envio e procedência de encomendas enviadas por meio de Remessa Expressa, é possível acessar o site oficial da Receita Federal e averiguar se a empresa que supostamente está fazendo sua entrega existe mesmo e está habilitada no Brasil.

Para esclarecer dúvidas, também é possível entrar em contato com a Receita por meio do link Fale Conosco. Caso perceba que está sendo vítima de uma tentativa de golpe ou chegue a perder valores por uma ação fraudulenta, é importante procurar uma delegacia especializada e registrar queixa imediatamente.