IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Em busca de "reinvenção cultural", Bayer investe em inovação aberta

Divulgação
Imagem: Divulgação

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/05/2021 13h56

A Bayer tem investido pesado em projetos de inovação aberta. No final do ano passado, a companhia inaugurou o LifeHub, seu centro de inovação aberta, no Brasil. O país é o sétimo país a receber um desses hubs -a empresa já possui iniciativas assim nos Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Cingapura.

Além disso, a empresa tem ampliado seu investimento em parcerias com outros centros de inovação pelo país. "Projetos de inovação aberta são parte da reinvenção cultural das organizações. Desde 2017, a empresa tem se conectado mais à inovação e investido neste tipo de iniciativa", diz o holandês Caspar Van Rijnbach, líder de TI e Transformação Digital na Bayer Brasil.

Para Caspar, a iniciativa serve como uma 'conexão oficial' com startups, que podem auxiliar em qualquer uma das unidades de negócios das empresas -no Brasil, a Bayer atua nas áreas de saúde, nutrição e agronegócios. "Não dá para inovar sozinho. O mundo tem muitas mais cabeças pensantes do que na Alemanha e nos Estados Unidos", diz.

Time dedicado

O investimento da empresa para a criação do hub no Brasil foi de cerca de R$ 10 milhões. Hoje, a área tem um time dedicado de 6 pessoas - mas são mais de 100 colaboradores da Bayer envolvidos nas iniciativas do hub, de diversas áreas da empresa.

Segundo o executivo, o LifeHub serve como espaço para networking e coworking, pode ser utilizado para processos de cocriação e receberá programas de mentoria que envolverão startups, pesquisadores, colaboradores e até mesmo clientes da empresa.

O espaço possui uma área de eventos, auditório, estações de trabalho e um estúdio para criação de conteúdo. Mas como foi inaugurar um espaço destes que ficará praticamente fechado durante os piores tempos da pandemia?

"O ano de 2020 serviu para criarmos ainda mais valor do espaço e da iniciativa para a organização. Criamos ações para minimizar impactos da covid-19 dentro de fora da empresa e apoiamos iniciativas de digitalização, como a telemedicina", declara Caspar.

Para 2021, a expectativa é aprimorar o relacionamento com o ecossistema. "A startup, em si, é só uma parte da inovação aberta. Temos outros hubs, temos as universidades, institutos e entidade de governo para amplificarmos o impacto do nosso trabalho", diz Caspar.

Cooperação entre hubs

Segundo André Fukugauti, gerente de projetos em Inovação Aberta da divisão agrícola da Bayer, a palavra da vez é "coopetção" , uma mescla entre cooperação e competição.

"Nosso propósito é ampliar essa ligação com o ecossistema. Precisamos, por exemplo, empoderar pequenos agricultores com dados, para que possamos, de fato, contribuir para o mercado. Ao mesmo tempo, vamos capturar oportunidades para novas parceiras, por meio de uma abordagem colaborativa", diz Fukugauti.

Segundo o executivo, a prioridade, neste momento, são as 'foodtechs' e as 'agtechs' (startups que lidam com alimentação e agronegócio, respectivamente). A Bayer, hoje, possui parcerias com centros como o AgriHub, de Cuiabá (MT), o CampoLab, de Goiânia (GO) e o AgTech Garage, de Piracicaba (SP) -leia mais abaixo.

"São distribuidores de estratégia. Cada um tem uma função específica, que nos ajudam na prospecção e no funil de ideias para algo que seja mais próximo do que queremos", diz Fukugauti.

"As fintechs estão em evidência, mas estamos avançando em passos exponenciais na agricultura. Pensar 'inovação aberta' na Berrini (avenida de São Paulo, conhecida pelos seus escritórios) é mais fácil. Isso vai chegar aos poucos no campo. O agricultor de hoje é empresário, é um segmento que está capitalizado. Estamos muito otimistas com o crescimento do mercado e estamos sendo desafiados dia após dia", completa o executivo.

Fronteira de conhecimento

Um dos parceiros da Bayer é o AgTech Garage, localizado no "AgTech Valley", em Piracicaba. O hub de inovação é especializado em agronegócio, mas trabalha com outros 10 setores da economia e possui cerca de 750 startups conectadas em sua comunidade virtual.

"A parceria com o Agtech Garage é um exemplo de como o ecossistema só funciona com a colaboração. Eles nos ajudam em toda a jornada, até mesmo para capacitar nossa rede de parceiros", declara André.

Para José Augusto Tomé, CEO do Agtech, se relacionar com startups é fronteira do conhecimento —e ter um hub próprio passa a ser um catalisador de novas possibilidades.

"O fato de uma empresa ter um centro de inovação não a impede de se conectar com mais startups do ecossistema. A parceria com outros hubs aumenta o poder de conexão estratégica, incrementa iniciativas e faz a inovação ganha musculatura", diz Tomé.

Tomé cita como exemplo os outros parceiros do Agtech Garage. "Bayer, Bunge e Suzano são parceiros do mesmo nível da Bayer. Mas existem concorrentes até nos mesmos níveis entre nossos parceiros. É uma grande saída para quem quer ter velocidade em inovação", diz o executivo.

Lutando contra o desperdício

Em março, a Bayer e o Food Tech Hub Br, de Campinas (SP), anunciaram uma chamada para selecionar startups brasileiras e latino-americanas que apresentem soluções para diminuir a perda de alimentos em diversas fases da cadeia agrícola.

Chamado de "Food Loss Challenge", o projeto quer identificar empresas que sejam capazes de minimizar prejuízos na cadeia de frutas e hortaliças. A ideia é as startups desenvolvam ferramentas que possam diminuir o desperdício durante o ciclo que vai do campo até o armazenamento.