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Chaves: 'Auxílio emergencial não pensou em como acessar quem mais precisa'

Do UOL, em São Paulo*

27/05/2021 09h25Atualizada em 27/05/2021 11h45

A colunista de economia do UOL Gabriela Chaves comentou hoje, durante o UOL News, sobre a pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) que mostrou que o acesso a celular e internet de qualidade foi uma barreira que prejudicou principalmente os mais pobres no cadastro para a obtenção do auxílio emergencial.

"[O Auxílio emergencial] Foi uma política pública muito importante para reduzir a queda no PIB do ano passado, mas foi uma política que não pensou no básico: como acessar, de fato, as pessoas que mais precisam, em situação de vulnerabilidade social que inclusive não possuem acesso à internet e ao celular".

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A colunista destacou que mais de 67 milhões de brasileiros foram beneficiados com o auxílio emergencial no ano passado em oposição aos cerca de 45 milhões de selecionados para os pagamentos em 2021, que contou com a diminuição dos valores pagos aos beneficiários.

Chaves ainda ressaltou que a não abertura para novos cadastros ao recebimento do benefício neste ano pode ter afetado outra parcela da população que perdeu os seus empregos ao longo do último ano ou mesmo aquelas que não foram aceitas na análise anterior.

Não houve abertura de novos cadastros, o que significa que as famílias que não conseguiram o auxílio no ano passado continuaram sem acessar o benefício neste ano. E foi feito uma seleção dentro do próprio sistema para apontar quais seriam os beneficiários aprovados para o ano de 2021. Então é mais um reforço da desigualdade do nosso país e como a gente está distante de resolver o problema da extrema pobreza causada por conta desta pandemia [da covid-19]."
Gabriela Chaves ao UOL News

Para Chaves, o ministro da Economia, Paulo Guedes, poderia ter pensado em fazer um consórcio com os bancos nacionais para fazer "esse auxílio chegar mais rápidos nas pessoas" que precisam, visto que o número de desbancarizados — aqueles que não possuem conta bancária — ainda é expressivo no território nacional.

"O desafio de chegar nessas pessoas [de zonas rurais e sem acesso à internet] é muito grande até porque o número de pessoas desbancarizadas no Brasil é bastante expressivo. É certo que o número de desbancarizados reduziu em 73% por conta do auxílio emergencial, que motivou as pessoas a acessarem [instituições bancárias]. Mas é importante pensar que o governo poderia aprender com os acúmulos da distribuição do Bolsa Família para pensar em algumas estratégias mais inteligentes para entregar esse beneficio".

*Com informações de Filipe Andretta, do UOL, em São Paulo