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Pato está sempre pronto para ir à rua, mas é cedo, diz novo vice da Fiesp

Pato da Fiesp em ação de 2015: mascote se tornou símbolo do apoio da entidade ao impeachment de Dilma - Pedro Ladeira/Folhapress
Pato da Fiesp em ação de 2015: mascote se tornou símbolo do apoio da entidade ao impeachment de Dilma Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Giulia Fontes

Do UOL, em São Paulo

21/07/2021 14h54

O pato da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mascote que se tornou símbolo do apoio da entidade ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), não está aposentado e segue "preparado para ir à rua".

Em entrevista ao UOL, o empresário Rafael Cervone, que ocupará o cargo de primeiro vice-presidente da Fiesp e de presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) a partir de 2022, afirmou que a entidade terá "o mesmo cuidado que teve na época da presidente Dilma", mas não descartou possíveis manifestações.

O pato está sempre preparado para ir à rua. O sapo [usado em manifestações contra os juros] também. Mas nós teremos novamente o cuidado que tivemos lá na época da presidente Dilma. Precisa existir o fato.
Rafael Cervone

De acordo com o empresário da indústria têxtil, de Santa Bárbara d'Oeste (SP), "ainda é cedo" para apoiar a saída do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) do cargo.

Não cabe à Fiesp julgar quem quer que seja. Somos observadores do que ocorre e, conforme as coisas ocorrem, tomamos nossas decisões. Na época da presidente Dilma, vivíamos um momento em que o país estava ficando ingovernável. O Brasil rumava para um momento extremamente difícil. Agora é muito cedo, é preciso apurar as questões.
Rafael Cervone

Em 2015, a Fiesp declarou apoio formal ao impeachment de Dilma. A campanha "chega de pagar o pato", que levou um pato inflável gigante à sede da entidade, tornou-se um dos símbolos do movimento pelo impedimento da petista. À época, o atual presidente da Fiesp, Paulo Skaf, afirmou que o governo tinha "total falta de credibilidade".

Além da atividade na Fiesp, Skaf tem uma carreira política própria. Durante os quase 18 anos em que presidiu a entidade, já foi candidato ao governo de São Paulo pelo PSB e pelo MDB.

Considerado próximo do presidente Jair Bolsonaro, manifestou-se no começo do mês contra a proposta de reforma tributária do governo, afirmando que o texto pune tanto empresas quanto pessoas físicas.

Mudança de comando na Fiesp

Cervone faz parte da chapa de Josué Gomes da Silva, empresário da Coteminas que vai substituir Skaf na presidência da Fiesp. Josué é filho de José Alencar, vice-presidente do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A chapa teve apoio de Skaf. No dia da eleição, ele disse que Josué "terá apoio expressivo dos industriais. E as entidades estarão em boas mãos, de um empresário que tem seriedade, competência e força".

Já o novo presidente da Fiesp, Josué Gomes, chegou a ser cotado como vice de Lula para as eleições do ano que vem, mas negou que ocupará o cargo. Cervone diz que trata-se de "pura especulação".

O Josué já se pronunciou diversas vezes em relação a isso, já cansou de dizer que é bobagem. Nós temos um compromisso com as entidades nos próximos quatro anos, nos dedicaremos integralmente às nossas atividades empresariais e à gestão. A Fiesp e o Ciesp são apartidárias. Não se mistura política com as entidades.
Rafael Cervone

Pedidos de impeachment contra Bolsonaro

O presidente Bolsonaro vem sendo pressionado por denúncias de irregularidades na pandemia, investigadas na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid. Dezenas de pedidos de impachment de Bolsonaro já foram protocolados na Câmara dos Deputados, mas cabe ao comando da Casa dar início a algum deles.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vem afirmando que não vê materialidade para abrir um processo contra o presidente. Nesta semana, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), pediu que Lira libere seu acesso aos pedidos de impeachment, após desentendimentos de Ramos com Bolsonaro,

Em entrevista, o deputado chegou a dizer que vai analisar a possibilidade de abrir processo contra o presidente caso assuma interinamente o comando da Câmara.

Nesta quarta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que fará uma nova reforma ministerial, que deve acomodar aliados do centrão, sua base de apoio no Congresso. Uma das medidas deve esvaziar o superministério de Paulo Guedes, com a criação do Ministério do Emprego e Previdência Social. Com as mudanças, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) deverá ganhar um ministério. Nogueira é presidente nacional do PP e colega de partido de Lira.