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Guedes critica presidente do Senado e diz que ele foi 'puxado' pela CPI

Ministro da Economia, Paulo Guedes fez críticas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) - ADRIANO MACHADO
Ministro da Economia, Paulo Guedes fez críticas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) Imagem: ADRIANO MACHADO

Colaboração para o UOL*

23/08/2021 22h16

O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou hoje, durante uma live promovida pela SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), por ter sido "puxado" pela CPI da Covid em andamento na Casa, e ter colocado em segundo plano a aprovação das reformas levadas ao Congresso pelo governo.

Segundo o ministro, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) está "tentando bravamente" manter a agenda de reformas, mas o mesmo empenho não tem sido feito por Pacheco.

"O presidente do Senado foi atraído, puxaram para lá [para a CPI], antes até do final da pandemia, mas tudo bem, é o papel da democracia também, nada contra. Agora vamos manter também a agenda de reformas", declarou.

Na live, Paulo Guedes alfinetou uma eventual candidatura de Rodrigo Pacheco à presidência da República como um candidato da terceira via. Para ele, é prematura a pré-candidatura do senador mineiro, e pontuou que um candidato que deseja chegar ao Planalto precisa ter capacidade de aplacar a disputa entre os poderes do Estado, mas também "acionar" a agenda de reformas.

"Estão até lançando já o presidente do Senado como candidato [à presidência da República]. É um pouco antes da hora, porque inclusive para ser candidato tem que ser alguém que tem capacidade de liderança, primeiro para aplacar essa disputa entre [os] poderes, e o presidente Pacheco tem tentado fazer isso, mas segundo para acionar a agenda de reformas, se começarmos a aprovar bolsa família fora de teto, precatório fora de teto, vamos começar a aprovar uma porção de coisas desse tipo, aí não sei o que vai acontecer. Acho que o candidato já começaria com o pé trocado. Um bom candidato tem que ser o candidato comprometido com as reformas, avançar com as reformas, e não simplesmente com o furar teto aqui e ali, fazer sessões aqui e ali, sem entender a gravidade do momento fiscal, do momento brasileiro", afirmou.

Ainda, Paulo Guedes apontou que a aprovação das reformas tributária e administrativa, por exemplo, podem ser positivas para a provável candidatura de Rodrigo Pacheco "porque é uma agenda positiva". Por fim, ele voltou a alfinetar o presidente do Senado ao dizer que enxerga uma "determinação" de Bolsonaro e Arthur Lira, mas não o mesmo empenho por parte do senador.

"Tô vendo que o Senado também tem um papel decisivo nessas reformas, mas ele está cumprindo uma outra agenda no momento, que é a do covid, da CPI, e em algum momento ele vai também se engajar nessa agenda das reformas, tenho convicção de que o Senado virá conosco pelas reformas, em algum momento essa agenda da CPI vai seguir o rumo que ela tem que seguir, mas ele tem que desbloquear a agenda das reformas", completou.

Guedes diz que Bolsonaro é alvo de 'caçada'

Durante a live com varejistas, o ministro da Economia Paulo Guedes pediu apoio dos parlamentares e falou que não se pode, por disputas políticas, "afundar o barco". Ele também sugeriu, sem citar nomes, que há atores cometendo "excessos", e disse acreditar que Jair Bolsonaro é alvo de uma "caçada".

"Se o próprio presidente, nessa ânsia, nessa caçada que ele tem sofrido, se também tiver cometido algum excesso, é um democrata. É caçado diariamente. Caçado com 'Ç', não cassado com dois 'S'. Estão querendo transformar o caçado midiaticamente todo dia num cassado com dois 'S'. O homem teve 60 milhões de votos, estamos a um ano de eleições. Esperem e vençam a eleição em vez de fazer confusão e derrubar economia", disse o ministro durante evento.

Segundo Guedes, pode ter um ou outro ator que comete excessos - um ministro do STF ou ele próprio, admitiu -, mas ele disse confiar nas instituições. "Se um ator comete excesso, as instituições o convidam a voltar para dentro da caixa", afirmou.

"Quem está cometendo excessos tem que reavaliar, seja do lado que for. Não podemos, por disputa política, afundar o barco", disse. Ele acrescentou que quem eventualmente se encaixa nessa descrição vai "refletir e contribuir para o aperfeiçoamento das instituições", finalizou.

*Com Estadão Conteúdo