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Ex-bilionária mais jovem da Forbes será julgada por suspeita de fraude

4.nov.2019 - Elizabeth Holmes, fundadora e ex-CEO da Theranos, chega para uma audiência no Tribunal Distrital dos EUA - Yichuan Cao / NurPhoto via Getty Images
4.nov.2019 - Elizabeth Holmes, fundadora e ex-CEO da Theranos, chega para uma audiência no Tribunal Distrital dos EUA Imagem: Yichuan Cao / NurPhoto via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

30/08/2021 11h37Atualizada em 01/09/2021 13h38

A fundadora e ex-diretora-executiva da startup Theranos, Elizabeth Holmes, que já foi a mais jovem bilionária do mundo, enfrentará julgamento, a partir de amanhã, sob acusações de fraude e conspiração na empresa de exames laboratoriais. Com uma promessa de revolução na área de testes clínicos, a Theranos alcançou a avaliação de US$ 10 bilhões antes mesmo que sua tecnologia fosse fabricada e revelada ao mercado.

Com ascensão tão rápida quanto a sua queda, a startup entrou no mercado de tecnologia chamando a atenção de todo o setor — inclusive do Vale do Silício — pelas promessas de alta precisão e capacidade de os aparelhos da empresa fazerem centenas de testes para doenças por meio de uma pequena amostra de sangue.

No entanto, dados mostraram que as máquinas da empresa só conseguiam realizar 12 testes em suas análises e não as centenas prometidas. O sucesso foi tamanho que a empresa virou inspiração para livros, documentários e mesmo uma série de televisão.

Para rebater as acusações de fraude e conspiração no julgamento, os advogados da ex-diretora-executiva, de 37 anos, planejam alegar que a cliente sofreu "uma campanha de abuso psicológico de uma década" por parte de Ramesh Sunny" Balwani, seu ex-namorado e ex-presidente da Theranos.

Segundo a Bloomberg, apesar de as acusações contra Elizabeth estarem juntas com a de Balwani, um juiz decidiu separar os julgamentos dos acusados pois a defesa da mulher declarou que ela sofreria "estresse e doenças físicas que se manifestarão visualmente de forma que ela não aparecerá ao júri em seu verdadeiro sentido". Se condenada, Elizabeth pode pegar até 20 anos de prisão.

Documentos anexados ao inquérito pela defesa da mulher ainda afirmam que ela sofre de transtorno de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade em razão do seu antigo relacionamento.

Os advogados da fundadora também declararam nos autos que pretendem "apresentar evidências de que o Sr. Balwani a depreciou verbalmente e retirou 'afeto se ela o desagradava', controlou o que ela comia, como se vestia, quanto dinheiro ela poderia gastar, com quem ela poderia interagir — essencialmente dominando-a e apagando sua capacidade de tomar decisões".

Os advogados deram exemplos de ações que Balwahi praticava contra Elizabeth, entre elas: "monitorar suas ligações, mensagens de texto e e-mails; violência física, como atirar objetos duros e pontiagudos nela; restrição do sono dela; monitorando seus movimentos; e insistindo que qualquer sucesso que ela teve foi por causa dele". Balwani nega as acusações.

Segundo o The Guardian, após artigos com acusações do jornal Wall Street Journal sobre resultados imprecisos das máquinas da startup, a Theranos começou a fazer recall das máquinas e retirar os seus testes do mercado em 2015. No entanto, somente em junho de 2018, Elizabeth decidiu deixar o cargo de diretora-executiva e a empresa foi dissolvida em setembro do mesmo ano.

O julgamento começará amanhã em San Jose, na Califórnia, nos Estados Unidos, com um painel de júri composto por 12 pessoas e cinco suplentes.

Fortuna de US$ 4,5 bilhões para zero

Em 2015, a fortuna da norte-americana Elizabeth Holmes era avaliada em US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 16,2 bilhões à época) pela revista Forbes. Um ano depois a publicação decidiu revisar a avaliação para um valor muito mais baixo: zero.

Na época do novo anúncio, a Forbes explicou que as estimativas do patrimônio de Holmes eram baseadas nos 50% de participação que ela teria na Theranos, empresa fundada por ela após largar a faculdade aos 19 anos, em 2003. A companhia propunha usar tecnologia para tornar exames de sangue mais eficazes, simples e baratos.

A Theranos, porém, sofreu acusações de que seus testes não seriam precisos e é investigada por diversas agências reguladoras americanas, segundo a publicação da revista.

Além disso, a Forbes afirmou que as receitas anuais da empresa não chegaram a US$ 100 milhões. Essas informações motivaram o rebaixamento da estimativa da fortuna de Holmes.

A Forbes ainda explicou, em 2016, que consultou diversos analistas, que avaliaram que a Theranos valia cerca de US$ 800 milhões, e não US$ 9 bilhões, como se pensava. A esse preço, na prática a participação de Holmes não valia nada.