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PIB: Investimento desacelera no 2º trimestre, mas mantém avanço no ano

Participação dos investimentos no PIB aumenta de 15,1% para 18,2%, mas economistas dizem que esse indicador precisa ultrapassar 20% para economia brasileira decolar - Getty Images
Participação dos investimentos no PIB aumenta de 15,1% para 18,2%, mas economistas dizem que esse indicador precisa ultrapassar 20% para economia brasileira decolar Imagem: Getty Images

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

01/09/2021 09h58

Resumo da notícia

  • Investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo, recuam 3,6% no 2º trimestre ante 1º trimestre
  • Mas no acumulado em quatro trimestres, investimento cresce 12,8%; na comparação com segundo trimestre de 2020, expansão chegou a 32,9%
  • Participação do Investimento no PIB aumenta de 15,1% para 18,2%

O investimento feito por governos e empresas na economia medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 3,6% no segundo trimestre deste ano quando comparado aos números do primeiro trimestre. Os dados do PIB (Produto Interno Bruto) foram divulgados nesta quarta-feira (1) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar da queda no trimestre, esse indicador da atividade econômica do país manteve variações positivas fortes nas comparações com o ano passado. No acumulado em quatro trimestres, o investimento feito na economia brasileira aumentou 12,8%, melhor desempenho entre os indicadores que fazem parte do PIB.

O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve queda de 0,1% no segundo trimestre do ano, em relação ao primeiro trimestre. Esse resultado indica estabilidade e vem depois de três trimestres positivos seguidos de crescimento da economia e a expectativa em pesquisa da Reuters era de um crescimento de 0,2%.

Já na comparação com o segundo trimestre de 2020, o avanço da Formação Bruta de Capital Fixo foi ainda maior, de 32,9% - também liderando os diferentes medidores da atividade econômica brasileira.

Segundo o IBGE, o crescimento do investimento em relação ao mesmo período de 2020 é explicado pelos resultados positivos da produção interna, da importação de bens de capital e da construção.

A alta na atividade de Construção, de 13,1% na comparação ao segundo trimestre de 2020, foi puxada pelo aumento do número de pessoas ocupadas no setor e produção de seus insumos típicos. Esta atividade voltou a ter resultado positivo após cinco trimestres consecutivos de queda.

O avanço dos investimentos na economia brasileira também pode ser verificado pela participação desse indicador em relação ao PIB, que aumentou de 15,1% para 18,2%, na comparação entre o segundo trimestre de 2020 e o mesmo período deste ano.

E a taxa de poupança, que alimenta os investimentos, também subiu, atingindo 20,9% no segundo trimestre de 2021 ante 15,7% no mesmo período de 2020.

Obstáculos para investimentos

Economistas apontam que a taxa de investimento precisa subir mais e superar os 20% do PIB para que o país consiga crescer de forma sustentável e sem provocar inflação. Mas para elevar a FBCF, a economia brasileira precisa superar alguns obstáculos, que atrapalham a atração de capital privado para projetos de longo prazo.

Se a inflação não desacelerar, os juros vão subir e, por tabela, atingir a capacidade de investimentos. Tem ainda o cenário eleitoral que pode ter efeito no dólar e, por consequência, mais aumento de juros, atingindo todo o crescimento.
Igor Seixas, sócio da Inove Investimentos

Para o economista Roberto Troster, da Troster & Associados, Temos risco de energia, inflação no pico, a gestão fiscal, o risco político e ainda a pandemia, mesmo que o PIB avance 5% este ano, por enquanto isso é apenas uma recuperação após as perdas registradas em 2020.

A velocidade de crescimento do Brasil é baixa. A pergunta não deveria ser quanto o PIB vai crescer ano que vem, mas o quanto vai crescer em 10 anos. Porque no curto prazo, isso depende de fatores externos, como preços de commodities. O que importa são nossas condições de crescimento de longo prazo, que dependam de nossas condições e nossas políticas.
Roberto Troster, Troster & Associados

Para Emerson Marçal, coordenador do curso de economia da FGV EESPA, a crise energética pode exigir que a economia brasileira tenha de ser freada pois trata-se de um choque de oferta inescapável. Além disso, a inflação está acima da meta e exige medidas de política monetária restritivas, ou seja, subida de juros ao longo deste e talvez do próximo ano.

E o calendário eleitoral aumenta as incertezas econômicas para o período 2022 a 2026 pois não está claro se um conjunto de reformas poderá ser encaminhada e aprovada no próximo governo.
Emerson Marçal, FGV EESPA

O economista sênior do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, destaca ainda outro fator importante para o Brasil atrair investimentos: a economia.

A economia global é importante vetor para atrair investimentos e aquecer o PIB doméstico. Mas hoje trabalhamos com gradual desaceleração do PIB mundial entre 2021 e 2022, com menor crescimento nos EUA, Europa e China no ano que vem. Caso estas regiões apresentem performance aquém do esperado, a demanda por exportações do Brasil vai se enfraquecer, impactando nossa capacidade de investimentos e nosso PIB projetado.
Daniel Xavier, Banco ABC Brasil