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Associação: postos aproveitaram bloqueios para aumentar o preço da gasolina

Do UOL, em São Paulo

09/09/2021 13h24Atualizada em 09/09/2021 14h28

Rodrigo Zingales, presidente da AbriLivre (Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres), disse hoje, durante o UOL News, que alguns revendedores aumentaram os preços dos combustíveis em razão da alta da demanda. O aumento na busca ocorreu em razão do bloqueio de estradas feito por caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Acho que nesse momento está sendo um exagero da população [correr para os postos], e a gente quer tranquilizar a situação para evitar isso até porque com o aumento de demanda, alguns postos acabam se aproveitando para aumentar preços. A gente não concorda com esse tipo de conduta", disse o presidente da associação que representa os postos de revendedores de combustíveis.

A inflação de agosto (0,87%) foi a mais alta para o mês desde de 2000 e, no acumulado de 12 meses, atingiu 9,68%. Dados do IBGE divulgados hoje apontam para a alta de 30,2% no preço dos combustíveis para veículos. O álcool (etanol) disparou 62,3%, a gasolina subiu 39,1% e o diesel, 35,4%. O litro do combustível já passou de R$ 7 em algumas regiões.

Na entrevista, Zingales disse que os associados informaram o aumento da procura por combustíveis nos postos durante esta madrugada — com filas que poderiam durar por horas. Apesar disso, ele reforçou que a maioria dessas filas já estão menores e "os postos estão conseguindo atender a população".

"Essa realidade [das filas nos postos] que a gente tinha no começo da manhã e da madrugada aparentemente está mudando um pouco na medida em que as rodovias, as bases de distribuição estão sendo liberadas. A gente acredita que até o final do dia teremos alguma estabilização maior."

Mesmo com expectativa de liberação das estradas, Zingales apontou que se os caminhoneiros decidirem continuar essa paralisação e "criarem um novo 2018, agora em 2021" os preços dos combustíveis devem disparar.

É só a gente ver o que aconteceu ontem com o preço do dólar. A Petrobras pode aumentar o preço do combustível amanhã por causa do preço do dólar, as distribuidoras aumentam o preço e os postos acabam pagando mais caro e também tem que repassar esse aumento nos preços ao consumidor. No final das contas quem sai prejudicado é o brasileiro."

O Ministério da Infraestrutura anunciou, em um boletim divulgado às 11h (de Brasília), uma lista de rodovias federais que foram liberadas na manhã de hoje depois de bloqueios organizados por caminhoneiros que apoiam o presidente. Confira o panorama dos bloqueios pelo território nacional.

Filas nos postos

Temendo que os bloqueios promovidos por caminhoneiros em rodovias federais de 15 estados provoquem desabastecimento, motoristas enfrentam filas em diversas cidades do país na manhã de hoje para abastecer seus veículos. Segundo entidades que representam os postos, não há desabastecimento, mas problemas pontuais causados pela alta repentina da demanda.

Os bloqueios começaram anteontem, durante os atos de caráter golpista do 7 de Setembro convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e seguiram ao longo de ontem e na manhã de hoje.

Os estados citados pelo ministério, a partir de informações da PRF (Polícia Rodoviária Federal), são: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia. Maranhão, Roraima, São Paulo e Pará.

Houve registro de filas em postos de Santa Catarina, Tocantins, Pernambuco, São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal. Em Florianópolis, uma interdição na noite de ontem causou correria aos postos de combustíveis e pelo menos sete estabelecimentos fecharam mais cedo após zerarem o estoque com a demanda.

O Ministério da Infraestrutura afirmou ontem que não há previsão, no momento, de que os bloqueios nas rodovias afetem o abastecimento de produtos no país.

Postos de combustíveis registram filas por medo de desabastecimento