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'Não existe nenhuma vontade minha de demiti-lo', diz Bolsonaro sobre Guedes

"Acertei com o Paulo Guedes um mínimo de 300 reais para o Auxílio Brasil", diz o presidente - ADRIANO MACHADO/Reuters
'Acertei com o Paulo Guedes um mínimo de 300 reais para o Auxílio Brasil', diz o presidente Imagem: ADRIANO MACHADO/Reuters

Do UOL, em São Paulo

24/09/2021 08h19

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, em entrevista à revista Veja, que não tem vontade de demitir o ministro da Economia, Paulo Guedes, e que acertou com ele "um mínimo de R$ 300" para o Auxílio Brasil, novo programa social que vai substituir o auxílio emergencial e o Bolsa Família.

O mandatário disse ainda que extrapolou durante discursos golpistas nas manifestações de 7 de setembro e que muitos de seus apoiadores esperavam que ele "chutasse o pau de barraca".

"Não existe nenhuma vontade minha de demiti-lo [Paulo Guedes]. Vamos supor que eu mande embora o Paulo Guedes hoje. Vou colocar quem lá? Teria de colocar alguém da linha contrária à dele, porque senão seria trocar seis por meia dúzia. Ele iria começar a gastar, e a inflação já está na casa dos 9%, o dólar em R$ 5,30", disse o chefe do Executivo.

Bolsonaro ainda pregou responsabilidade na economia e respeito ao teto de gastos, além de enxergar perspectiva de melhoras. "Como temos ainda um ano para a eleição, as decisões que devem ser tomadas ainda não estão contaminadas por interesses eleitorais. O Paulo Guedes tem dito que a eleição estimula você a gastar para buscar a reeleição. Estimula você a fazer certas coisas que você não quer, para buscar a reeleição, isso aí é natural do ser humano. E nós não furamos teto, não fizemos nada de errado no tocante a isso aí."

Instado a comentar o preço da gasolina, do gás de cozinha e dos alimentos que pressionam o bolso da população, Bolsonaro descartou tabelar ou segurar os preços.

Mas quero que o consumidor fique sabendo o preço do combustível da refinaria, o imposto federal, o transporte, a margem de lucro e o imposto estadual. Hoje toda crítica cai no meu colo. O dólar está alto, mas o que eu posso falar para o Roberto Campos (presidente do Banco Central)? Quem decide é ele, que tem independência e um mandato. Reconheço que o custo de vida cresceu bastante aqui, além do razoável, mas vejo perspectivas de melhora para o futuro Jair Bolsonaro em entrevista à revista Veja

O presidente culpa com frequência os governadores pela alta no preço dos combustíveis, apesar de dados oficiais mostrarem que o fator que mais pesou para o aumento do preço nos últimos meses foram os reajustes feitos pela Petrobras.

A respeito do Auxílio Brasil, o presidente disse que, "ao contrário de governos passados, não vai ser usado como curral eleitoral".O Bolsa Família foi alvo de frequentes ataques de Bolsonaro durante sua trajetória como deputado federal. Ele já definiu seus beneficiários como "pobres coitados", "ignorantes" e "miseráveis", chegando a defender o fim do programa de transferência de renda em 2011.

Para bancar o lançamento do Auxílio Brasil, o presidente quebrou promessa de não aumentar impostos durante o seu governo, feita em outubro do ano passado. O mandatário editou na semana passada um decreto que altera as alíquotas do IOF, relacionados às operações de crédito para pessoas jurídicas e físicas.

Um parecer técnico do Ministério da Cidadania obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo indica que o Auxílio Brasil terá um aumento de R$ 8,51 no valor médio em relação ao Bolsa Família, caso não seja encontrada uma solução para a questão dos precatórios.