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Bolsonaro critica Petrobras por alta da gasolina: 'Tem prédio subutilizado'

O presidente Jair Bolsonaro citou fatores que compõem preço final do combustível e ironizou: "A culpa é de quem, do Bolsonaro" - Anderson Riedel/PR
O presidente Jair Bolsonaro citou fatores que compõem preço final do combustível e ironizou: "A culpa é de quem, do Bolsonaro" Imagem: Anderson Riedel/PR

Do UOL*, em São Paulo

07/10/2021 19h07

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar hoje a Petrobras pela alta no preço dos combustíveis, citando um prédio que, segundo ele, custa mais de R$ 1 milhão por mês e está subutilizado.

"Temos um prédio muito bonito em Vitória que está mais da metade subutilizado, e a tendência é 90% do prédio não ser mais utilizado. Vamos vender, [mas falam] 'presidente, não dá para vender, ninguém vai querer comprar, porque o prédio foi construído em um terreno alugado'", disse Bolsonaro.

"R$ 1,7 milhão por mês para aluguel do terreno. É igual agiota, que não quer pague a conta, quer todo mês pegar seu dinheiro. Agiotagem, entre aspas, com dinheiro público. Quem paga a conta? Todos vocês que botam combustível no carro."

O UOL entrou em contato com a Petrobras e aguarda posicionamento.

O presidente também voltou a falar de outros fatores que compõem o preço final, como o ICMS, o frete e a margem de lucro de quem vende o combustível nas bombas.

"A culpa é de quem? Do Bolsonaro", ironizou. "Não estou tirando meu corpo fora, estou mostrando a verdade".

O preço do litro da gasolina no país subiu 2,47% em setembro na comparação com agosto, chegando a um valor médio nacional de R$ 6,309. Após um ano e quatro meses de altas consecutivas, o valor do combustível acumula um aumento de 57,33% desde maio do ano passado.

Política da Petrobras é determinante para altas

Carla Ferreira, pesquisadora do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, ligado à Federação Única dos Petroleiros), diz que a parte mais importante dos aumentos no preço ao consumidor está vinculada às altas promovidas pela Petrobras.

Segundo ela, os reajustes são um efeito da política de preços da empresa, adotada em 2016. A diretriz vincula os preços praticados no Brasil ao valor do barril de petróleo no mercado internacional, cobrado em dólares. Com o dólar alto, os preços no Brasil também sobem. Desde o início do ano, a gasolina acumula alta de 51% nas refinarias.

É claro que, como o ICMS é um percentual sobre o preço final, quando o preço sobe, a arrecadação aumenta. Mas ele não é o vilão das altas de agora. A grande questão é esse preço que sai da refinaria, que vem da política de paridade de importação.
Carla Ferreira

De acordo com Ferreira, um exemplo de que a tributação não é o fator determinante para as altas recentes foi o baixo impacto que a isenção de PIS e Cofins, dois tributos federais, teve sobre o preço do diesel. Apesar de o corte no imposto ter sido de R$ 0,31, a redução no preço da bomba foi de apenas R$ 0,03.

*Com informações de Giulia Fontes, do UOL