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Entidade: R$ 400 oferecido por Bolsonaro 'não é nada' e greve deve ocorrer

Do UOL, em São Paulo*

22/10/2021 12h44Atualizada em 22/10/2021 15h05

Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), disse, em entrevista ao UOL News, que a greve dos caminhoneiros do dia 1º de novembro está mantida caso o governo não faça algo em prol do setor.

De acordo com o diretor, o anúncio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de oferecer R$ 400 aos caminhoneiros como forma de ajudar o setor em meio a alta dos combustíveis "não é uma boa notícia porque fundamentalmente ele não ataca a causa do problema", mas sim um "efeito colateral".

"Dar 400 reais de auxílio significa hoje no preço — sem o aumento anunciado pelo presidente que terá — colaborar com o caminhoneiro com 83 litros de combustíveis mensais. Isso é absolutamente nada. Não é aí que tem que atuar, tem que atuar em uma medida que mude a política de paridade com o mercado internacional, a chamada PPI, a paridade do preço internacional, uma vez que todos nós sabemos que o custo de produção da Petrobras aqui no Brasil é o menor custo do mundo para extrair o petróleo", afirmou.

O diretor da entidade concordou com a fala do presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão. Landim, uma das principais lideranças do movimento de caminhoneiros do país, criticou duramente as declarações feitas ontem pelo presidente Jair Bolsonaro, de criar um "benefício" de R$ 400 por mês aos caminhoneiros, para compensar o aumento do diesel.

"R$ 400 reais foi o que disse o companheiro Chorão e os imensos companheiros espalhados pelos pais: Caminhoneiro não quer esmola. Caminhoneiro quer dignidade e dignidade significa discutir o maior insumo na planilha de custo do caminhoneiro, que representa em qualquer frete, 50% daquilo que se ganha", disse Dahmer.

O diretor da CNTTL explicou que a greve dos caminhoneiros não é uma pauta política a favor ou contra o governo Bolsonaro, inclusive, para ele, "defender a Petrobras é defender o povo brasileiro". "Fortalecer a indústria de base através do petróleo é fortalecer a cadeia nacional."

Dahmer ainda explicou que os caminhoneiros estão trabalhando abaixo do seu custo, sem nenhuma solução, portanto, "não há outra alternativa" se não a greve para cobrar uma "negociação que atenda aos interesses da categoria". Ele definiu a greve como um "último recurso e medida" para a categoria ser ouvida.

Postos de MG registram falta do combustíveis

Em Minas Gerais, no entanto, postos de combustíveis já registram falta do produto devido ao protesto que bloqueia o transporte em bases de distribuidoras em Betim desde quinta-feira, disse à Reuters o presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes), Paulo Miranda Soares.

Segundo ele, a escassez de combustíveis é mais sentida na região metropolitana de Belo Horizonte, onde filas de veículos se formam para abastecimento.

O protesto é realizado pelos chamados "tanqueiros", que são transportadores de combustíveis. Eles reivindicam principalmente uma redução da alíquota do ICMS no diesel, para eventualmente conseguirem redução de custos.

*Com informações do Estadão Conteúdo e da Reuters