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Temer sugere trégua entre o governo e caminhoneiros para evitar greve

Do UOL, em São Paulo*

22/10/2021 13h37Atualizada em 22/10/2021 15h53

O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) sugeriu hoje, durante o UOL News, uma trégua entre o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os caminhoneiros para evitar a greve do setor prevista para ocorrer a partir do dia 1º de novembro.

Para Temer, a greve gera desabastecimento de serviços essenciais e, consequentemente, faz povo brasileiro sair às ruas para manifestar contra a situação.

"Olha, se eu puder sugerir, eu sugiro que haja uma trégua porque realmente os caminhoneiros podem paralisar o país. Paralisar o país significa paralisar o abastecimento, e você sabe que, quando há desabastecimento nos supermercados, nas farmácias, o povo vai para as ruas. Cria um conflito social danado."

O político indicou que se puder dar uma dica, neste momento, indicaria que os líderes da categoria conversassem muito com o presidente da República para "encontrar uma solução antes do dia 1º e evitar a greve".

"A greve é um desastre para o país", declarou o político que, durante a sua gestão, em 2018, teve que lidar com uma greve da categoria que paralisou o território nacional. À época, o governo federal atendeu à maioria das reivindicações da categoria para colocar fim à paralisação do setor.

Hoje, Temer aponta como necessário o diálogo entre todos os setores e também "cumprir aquilo que foi acordado em 2018" para auxiliar os trabalhadores.

Questionado pelos jornalistas Tales Faria e Fabíola Cidral, Temer declarou que o anúncio do presidente Jair Bolsonaro de um auxílio de R$ 400 não seria a melhor das soluções para ajudar os caminhoneiros com a questão do aumento dos combustíveis.

Mais cedo no programa, Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), disse que o auxílio mensal de R$ 400 não é "absolutamente nada" para a categoria. Segundo o diretor, o valor sugerido por Bolsonaro daria apenas para 83 litros de combustíveis mensais, quantidade ínfima do total usado pelos caminhoneiros ao longo do mês.

Eu não penso que seja uma coisa extremamente útil [esse auxílio]. Eu acho que se o governo encontrar outra solução e a solução aí vem por aquilo que hoje se esquece muito, pelo diálogo, tem que dialogar muito com as lideranças dos caminhoneiros, verificar quais são suas consumações. Como, por exemplo, implementar acordos que nos fizemos no passado. Quem sabe cumprir aquilo que foi acordado em 2018 e verificar uma maneira que não seja de fato por essa via do auxílio, que no caso dos caminhoneiros é modesto.
Ex-presidente da República Michel Temer (MDB) no UOL News

Sugestão

O ex-presidente apontou a necessidade da criação de um "fundo de reservas" financeiras para cobrir o aumento dos combustíveis pela Petrobras e evitar futuramente novas greves da categoria.

De acordo com o político, os recursos para a criação desse fundo "significativo" poderiam sair da própria Petrobras, que tem dividendos bem "expressivos"

"Se houver esse fundo você vai evitando [novas greves] porque se resolve a greve de hoje como se resolveu a greve de 2018 e daqui dois anos novamente surge a hipótese de uma nova greve. Então, era preciso ter uma medida permanente que visasse a solucionar permanentemente esse litígio", concluiu.

O preço do combustível subiu 37,25% em agosto na comparação com o mesmo período do ano passado e, ontem, após sucessivos aumentos no preço dos combustíveis, a tabela de valores mínimos de frete usada pelos caminhoneiros foi alterada com reajustes médios que variam de 4,54% a 5,90%, a depender do tipo de veículo e classe de carga.

*Com informações do Estadão Conteúdo e da Reuters