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Conselheiro de Moro, Pastore diz que não será 'posto Ipiranga' de ex-juiz

Segundo o Pastore, Moro busca entender o que o Brasil precisa para retomar o crescimento econômico e fazer a distribuição de renda - UOL
Segundo o Pastore, Moro busca entender o que o Brasil precisa para retomar o crescimento econômico e fazer a distribuição de renda Imagem: UOL

Do UOL, em São Paulo

18/11/2021 08h10Atualizada em 18/11/2021 08h22

Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central e conselheiro do possível presidenciável Sergio Moro (Podemos), declarou ao jornal O Estado de S.Paulo que não vai ser "posto Ipiranga" — ou seja, fazer diversas funções — do ex-ministro da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Pastore, de 83 anos, afirmou que não está fazendo "o jogo de virar ministro", não negociou nenhum cargo e está oferecendo "uma cooperação espontânea de um cidadão que a vida inteira deu aula de economia e acumulou conhecimento".

"Eu não tenho nenhuma pretensão de ser 'Posto Ipiranga' de ninguém. O que eu tenho feito com o ministro Moro é expor minhas ideias e ouvir os contrapontos. Desculpa, eu não vou falar em nome dele. Ele vai falar em nome dele. Eu não tenho nenhum engajamento de dar repostas por ele", declarou o economista ao jornal.

O conselheiro também disse que está animado, pois Moro está disposto a ouvi-lo e rasgou elogios ao ex-juiz da Operação Lava Jato.

"Eu vou dizer o seguinte: ele tem uma noção muito clara dos problemas econômicos e é capaz de colocar perguntas inteligentes que encaminhem a discussão para respostas que façam sentido. É uma coisa muito diferente de uma relação de economista com alguém que não entende nada e não quer entrar na discussão."

Segundo o Pastore, Moro busca entender o que o Brasil precisa para retomar o crescimento econômico e fazer a distribuição de renda, por isso, buscou o aconselhamento de um economista.

O ex-presidente do BC ainda apontou como necessário um "arcabouço macroeconômico para refazer a responsabilidade fiscal do país" e dar condições para a criação de um programa que permita a retomada econômica de modo a contribuir para uma distribuição de renda mais adequada no país.

"Na promoção do desenvolvimento econômico há um conjunto de coisas que é preciso fazer. Precisamos de reformas tributárias de bens e serviços e do Imposto de Renda. Precisamos criar as condições para abrir a economia brasileira ao setor externo. É importante que se dê uma correta dimensão de qual é o tamanho do Estado na economia. Eu quero gastar um tempo discutindo isso", explicou o ex-presidente do BC.

Candidatura de Moro

Pastore falou que não sabe se Moro será candidato ao cargo de presidente da República, mas contou que o ex-ministro de Bolsonaro está "envolvido num exercício de construção de uma terceira via". "Pode ser ele e pode não ser ele. Se for ele, o produto está feito. Se não for, o produto poderá ser entregue para quem for o líder da terceira via."

O ex-presidente do BC ainda declarou que Moro saiu do governo por "discordância", mas ponderou não conseguir discorrer sobre esse fato pois é responsável por avaliar os entendimentos econômicos do ex-juiz.

"O que eu sou capaz de avaliar é o que ele pensa de economia. O relevante para uma decisão minha não é ele ter entrado no governo passado e ter saído. É o que ele pretende fazer daqui para frente em relação a esse país, que é o meu. Nesse sentido, eu não tenho nenhuma discordância no plano econômico."