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Mercado de pesticida e fertilizante natural, com vírus e ácaros, cresce 42%

Getty Images
Imagem: Getty Images

Viviane Taguchi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/11/2021 04h00

Na safra 2020/2021, o setor de bioinsumos (produtos como pesticidas, fertilizantes e inoculantes feitos a partir de matérias-primas naturais como bactérias, vírus, fungos e ácaros) faturou R$ 1,7 bilhão, segundo o levantamento Business Inteligence Panel (BIP), realizado anualmente pela consultoria Spark Inteligência Estratégica.

Isso representa uma alta de 42% em relação à safra passada (R$ 1,2 bilhão). Com esses números, produtos como biodefensivos (que combatem pragas e doenças) e bioinoculantes, que são uma espécie de suplemento para melhorar o desenvolvimento das plantas, agora, representam 3% das vendas totais do setor de defesa vegetal, que no período, movimentou R$ 46 bilhões no Brasil.

De acordo com a Spark, entre os biodefensivos, os bionematicidas, que são usados para controlar os nematoides, lideraram as vendas na safra, com a participação de 43% (R$ 724 milhões). Depois, veiram os bioinseticidas, que responderam por 25% ou R$ 417 milhões, seguidos dos biofungicidas: 9% ou R$ 159 milhões. Esses produtos, específicos para controle de doenças e pragas, atingiram R$ 1,3 bilhão em transações, montante 37% superior ao apurado na safra 2019/2020 (R$ 948 milhões).

Já os bioinoculantes movimentaram R$ 393 milhões, cifra equivalente a 23% do mercado total de produtos biológicos. Esses produtos também tiveram alta de 37% na comercialização, na comparação com a safra 2019/2020 (R$ 287 milhões).

Conforme o coordenador de projetos da Spark, Lucas Alves, inoculantes não são considerados, propriamente, defensivos agrícolas, porque têm por objetivo auxiliar no desenvolvimento de plantas, mas o seu uso está aumentando bastante como coadjuvante na busca por maiores produtividades. "O segmento de inoculantes ganha mais espaço, a cada safra, no manejo dos produtores", salientou ele.

A pesquisa da Spark apontou que, por culturas e por área cultivada, os biodefensivos trataram 21% das lavouras de soja, cerca de 7,9 milhões de hectares, além de 50% dos cultivos de cana-de-açúcar (4,5 milhões de hectares), 67% de lavouras de algodão (857 mil hectares) e 13% das plantações de milho safrinha (1,89 milhão de hectares).

Nas demais culturas avaliadas, que têm menor peso econômico, o levantamento apontou que os biodefensivos foram usados em 19% das áreas cultivadas com feijão (145 mil hectares), 5% dos cafezais (102 mil hectares), 4% em milho cultivado da safra de verão (144 mil hectares), 22% das plantações de tomate (7,7 mil hectares) e 7% de batata (6,16 mil hectares).

Na safra 2020/2021, a Spark destacou que a adesão de produtores saltou de 5% para 13% no milho safrinha e de 28% para 67% no algodão. "O mercado de soluções biológicas cresceu 40% ao ano entre as safras 2018/2019 e 2020/2021. São números que respaldam a consolidação dos produtos como importantes ferramentas de manejo, nas principais culturas agrícolas", disse Alves. "O BIP Biológicos permite antever o enorme potencial para crescimento das tecnologias biológicas nos próximos anos".

De acordo com André Dias, sócio-diretor da Spark, o uso integrado de bioinsumos e produtos químicos, apareceu na pesquisa como uma das maiores tendências. "A necessidade de o produtor utilizar defensivos agrícolas com diferentes modos de ação, químicos e biológicos, para conter a resistência de fungos e pragas a determinados ingredientes ativos, favorece igualmente o aumento da participação dos bioinsumos", disse Dias.