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Estudo: Jornada média de entregadores de aplicativos é de 65 horas semanais

Dado consta em pesquisa feita em parceria da OIT com a CUT, que será detalhada em live na próxima sexta-feira - Getty Images
Dado consta em pesquisa feita em parceria da OIT com a CUT, que será detalhada em live na próxima sexta-feira Imagem: Getty Images

Henrique Sales Barros

Do UOL, em São Paulo

15/12/2021 17h43Atualizada em 15/12/2021 18h01

Em média, um entregador de aplicativo trabalha 65 horas por semana e tem uma renda média mensal de R$ 1.172,62. O valor é um pouco acima do atual salário mínimo, fixado em R$ 1,1 mil, e pouco abaixo da previsão para 2022, quando o mesmo deve aumentar para R$ 1.210,44.

Os dados constam na amostragem da pesquisa "Condições de Direitos e Diálogo Social para Trabalhadoras e Trabalhadores do Setor de Entrega por Aplicativo em Brasília e Recife", feita tanto com entregadores que trabalham com moto como com bicicleta.

A pesquisa, feita em parceria da OIT (Organização Internacional do Trabalho) com a CUT (Central Única dos Trabalhadores), também identificou que 68% dos entregadores em aplicativos se reconhecem como pretos (16%) ou pardos (52%).

Outro ponto constatado no estudo é que a maioria dos entregadores são homens (92%), solteiros (51%) e jovens, com idade de 19 a 30 anos (49%).

Precarização

O estudo constatou que há casos de entregadores atuando nos sete dias da semana, 13 horas por dia, e obtendo uma renda líquida por hora que não passa de R$ 0,60 — a média é de R$ 5,03.

A renda líquida é calculada levando em conta os custos arcados pelos entregadores (exemplo: subtraindo o que se adquire com as entregas pelo dinheiro que foi gasto com dados móveis e gasolina). Em Recife, essas despesas giram em torno de R$ 430 ao mês.

A pesquisa também identificou casos de entregadores "pagando para trabalhar" — ou seja: com renda negativa, trabalhando sete dias por semana, de 12 a 18 horas por dia, e com renda líquida de -R$ 0,86 por hora.

Risco nas ruas

Em Brasília, 85% dos entregadores relataram considerar alto o risco no trânsito, pela possibilidade de acidentes. Em Recife, a porcentagem chega a 100%.

Um entregador relatou ao estudo que a política das plataformas aos trabalhadores consiste em "se eu trabalho, eu como; se eu não trabalho, eu não como", e se queixou das burocracias das mesmas para casos de acidentes.

Eles falam que te dão (o seguro) se você estiver com o pedido (no momento do acidente). Só que você tem que provar que está com o pedido, que não bebeu, tirar foto do local, tirar foto da ocorrência e da carteira. Entregador ouvido pelo estudo da CUT/OIT

Mais detalhes da pesquisa, que contou com um trabalho de campo de 18 meses e rendeu 270 páginas de estudo, serão apresentados na próxima sexta-feira (17), às 10h (horário de Brasília), em live no perfil da CUT no Facebook.