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Guedes admite aumento da pobreza, mas questiona: 'É culpa do governo?'

Do UOL, em São Paulo

17/12/2021 17h45Atualizada em 17/12/2021 21h45

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu hoje que a pobreza aumentou no Brasil, mas atribuiu a responsabilidade à covid-19, e não às ações do governo federal. Para Guedes, o país está "fazendo seu dever de casa" — mesmo em meio aos "anos mais difíceis que a economia já enfrentou" — e já está se recuperando da crise causada pela pandemia.

"Alguns vão dizer que o Brasil está mais pobre. Sim, guerras empobrecem. O mundo todo ficou mais pobre. Inflação também está alta na Alemanha, Estados Unidos e China. É culpa do governo Bolsonaro? Falam que governo A ou B perderam menos empregos, mas algum outro governo enfrentou a covid? Então não podemos comparar", disse o ministro durante coletiva de fim de ano.

Em 2020, doença [covid-19] se ergueu sobre o país, havia temor de fome, depressão, além das mortes. Em 2020, a doença estava forte e o Brasil tombou; em 2021, o país se reergueu, a doença tombou.
Paulo Guedes, ministro da Economia

Guedes ainda listou as medidas de combate à pandemia tomadas pelo governo no ano passado, dizendo que os efeitos dessas ações foram mais sentidos agora.

"Isso tudo deu frutos neste ano, quando a economia se reergueu. A síntese de 2021 é que as previsões de que o Brasil iria dar errado falharam, a economia realmente voltou em 'V' e cresceu 5% neste ano", repetiu, sem mencionar a queda no PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre, que levou o Brasil a entrar em recessão técnica.

"Fake news"

O ministro da Economia também rebateu as acusações — as quais chamou de "fake news" — de que o governo promove populismo e irresponsabilidade fiscal, voltando a citar a redução do déficit primário para argumentar que nenhum país fez um ajuste fiscal tão robusto quanto o Brasil.

"É verdade que nós nos endividamos um pouco mais, mas os estados e municípios melhoraram seus resultados. Onze estados que estavam no vermelho voltaram para o azul. Não deixamos os governos regionais entrarem em colapso por falta de recursos", acrescentou.

Os gastos saíram de 19,5% do PIB em 2019, foram a 26% do PIB com a pandemia em 2020 e vão voltar a 19,5% do PIB. Nós honramos em 2020 e 2021 o nosso compromisso com as futuras gerações. A guerra foi enfrentada, não faltaram recursos, e agora gastos voltam a patamar anterior. (...) Todos os estados e municípios melhoraram gestões ou houve um pacto federativo funcionando?
Paulo Guedes, ao rebater críticos

Inflação "temporária"

Embora o Banco Central já projete um cenário mais persistente de inflação alta, Paulo Guedes voltou a dizer que a avaliação do governo é de que a situação é temporária. Assim como costuma fazer o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro usou como argumento o fato de que a inflação subiu em escala global, puxada pela pandemia.

"Teve inflação no mundo inteiro. Em todo o mundo, salários, aposentadorias e aluguéis perderam poder de compra e os governos mantiveram programas sociais. Mas as cadeias produtivas se desarticularam, e esse choque de oferta adverso tirou renda, emprego e trouxe inflação no mundo inteiro", explicou.

"Se é verdade que a inflação subiu, a culpa é nossa ou da covid?", acrescentou.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no país, desacelerou para 0,95% em novembro, após chegar a 1,25% em outubro. Apesar de 0,30 ponto percentual menor do que a registrada no mês anterior, foi a maior variação para novembro em seis anos, desde 2015, quando foi de 1,01%.

Já no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação chega a 10,74% — a mais alta desde novembro de 2003 (11,02%). O índice está bem acima da meta estabelecida pelo Banco Central para este ano, de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

(Com Estadão Conteúdo)