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Diante de incertezas com 5G, aéreas reorganizam voos para os EUA

Ashim D?Silva/Unsplash
Imagem: Ashim D?Silva/Unsplash

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

19/01/2022 14h30

Companhias aéreas como Emirates, Lufthansa e Air India cancelaram ou alteraram voos com destino aos EUA devido a preocupações com a implantação da tecnologia de telefonia móvel 5G perto de aeroportos.

As aéreas afirmam que estão agindo em resposta a um aviso da Boeing de que os sinais 5G poderiam interferir no altímetro de rádio do 777, levando a restrições.

"A interferência 5G pode afetar adversamente a capacidade da aeronave de operar com segurança", disseram os chefes da Boeing e da Airbus Americas, Dave Calhoun e Jeffrey Knittel, em uma carta conjunta ao secretário de Transportes dos EUA, Pete Buttigieg.

No Brasil, a Latam (única operadora na América do Sul do modelo) retirou o Boeing 777, com capacidade para 410 passageiros, de alguns voos entre Brasil e os EUA.

"A companhia acompanha com atenção o tema para realizar novos ajustes, se necessário, sempre de acordo com as recomendações das autoridades aeronáuticas dos países onde opera."

A empresa informou que utilizará o Boeing 787 na rota Guarulhos-Miami e o Boeing 767 na rota Guarulhos-Nova Iorque.

"A Latam lamenta essa situação alheia à sua vontade e não está medindo esforços para comunicar diariamente a todos com a maior antecedência possível", afirmou por meio de nota.

O órgão de vigilância da aviação dos EUA disse que os sinais 5G podem interferir nos altímetros de rádio, que medem a altura de um avião no céu e são um equipamento crucial para os pilotos, principalmente ao pousar com mau tempo.

A Autoridade Federal de Aviação (que gerencia a segurança na aviação em todo o território dos EUA), começou a atualizar suas orientações sobre quais aeroportos e modelos de aeronaves seriam afetados a partir desta terça-feira.

Outras aéreas também foram afetadas

AT&T e Verizon, as duas operadoras sem fio por trás dos planos 5G, disseram que pausariam o lançamento perto dos principais aeroportos.

Apesar do anúncio, diversas aéreas cancelaram voos. Outros cancelamentos são prováveis, a menos que a FAA emita orientações formais após os anúncios da implantação de tecnologia sem fio.

Num comunicado no início desta semana, a FAA disse que havia "liberado cerca de 45% da frota comercial dos EUA para realizar aterrissagens com pouca visibilidade em muitos dos aeroportos onde o 5G de banda C será implementado".

A FAA disse ainda que aprovara "dois modelos de altímetros de rádio para são instalados numa variedade de aviões Boeing e Airbus". A reguladora, porém, afirmou que "mesmo com essas novas aprovações, voos em alguns aeroportos ainda podem ser afetados".

"Continuamos trabalhando com fabricantes para entender como dados de um altímetro de radar são usados em outros sistemas de controle de voo. Passageiros devem verificar com suas companhias aéreas se há previsão de tempo no destino onde uma interferência provocada pelo 5G é possível", disse a Administração Federal de Aviação.

Além da Latam, ao menos outras 11 empresas de todo o mundo alteraram ou cancelaram voos para os Estados Unidos:

  • Emirates: interrompeu voos para Boston, Chicago, Dallas-Fort Worth, Houston, Miami, Newark, Nova Jersey, Orlando, Flórida, São Francisco e Seattle por causa do problema. Segue com os voos para Los Angeles, Nova York e Washington;
  • Japan Airlines: reduziriam os voos do Boeing 777;
  • All Nippon Airways (ANA): reduziriam os voos do Boeing 777. Deve trocar a aeronave usada em alguns voos dos EUA;
  • Air India: cancelou voos para Chicago, Newark, Nova York e São Francisco "devido à implantação do equipamento de comunicações 5G". Deve usar outras aeronaves nas rotas dos EUA;
  • Lufthansa: cancelou um voo de Frankfurt para Miami e está trocando de aeronaves usadas em alguns serviços dos EUA do Boeing 747-8 para o 747-400.;
  • Austrian Airlines: mudou o modelo 777 para um 767 em seu serviço de Newark;
  • Korean Air: abandonou os 777 e 747-8 em seis voos de passageiros e de carga dos EUA;
  • China Airlines: reagendará alguns voos, até segunda ordem;
  • Cathay Pacific: avalia implantar diferentes tipos de aeronaves, se necessário;
  • British Airways: trocou de aeronave em voos para Los Angeles por um Airbus A380 do serviço habitual do Boeing 777;
  • Qatar Airways: avalia a situação e deve se posicionar em breve.