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Desemprego cai a 11,6% em novembro, mas rendimento é o menor desde 2012

Nenhuma área registrou aumento nos rendimentos dos trabalhadores  - Amanda Perobelli/Reuters
Nenhuma área registrou aumento nos rendimentos dos trabalhadores Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Do UOL, em São Paulo

28/01/2022 09h04Atualizada em 28/01/2022 13h18

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,6% no trimestre encerrado em novembro, o que representa redução em relação aos 13,1% registrados no trimestre anterior. Na comparação com mesmo trimestre de 2020 (14,4%), a queda foi ainda maior.

A taxa registrada em novembro é a menor desde janeiro de 2020 (11,2%), mas a falta de trabalho ainda atinge 12,4 milhões de brasileiros. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar da queda no desemprego, os trabalhadores estão ganhando menos. No trimestre, o rendimento real, já descontando a inflação, caiu 4,5% frente ao trimestre anterior, de R$ 2.559 para R$ 2.444. É o menor rendimento da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) iniciada em 2012. Em um ano, a queda é ainda maior, de 11,4% (R$ 2.757).

Isso significa que, apesar de haver um aumento expressivo na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento real recebido pelos trabalhadores.
Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE

O crescimento do emprego no trimestre foi impulsionado pelo comércio e reflete o maior número de vagas abertas no fim de ano, como é comum nesse período. Quando comparada a igual trimestre de 2020, a população desocupada recuou 14,5% (menos 2,1 milhões de pessoas em busca de trabalho).

Segundo o IBGE, a população subutilizada totaliza 29,1 milhões de pessoas, queda em relação aos 32,7 milhões registrados um ano antes. Trata-se da soma de pessoas desempregadas, que trabalham menos do que poderiam e que não procuraram emprego mesmo estando disponíveis para trabalhar.

Nenhuma área teve aumento nos rendimentos

Nenhum dos grupamentos de atividades teve crescimento no rendimento médio real habitual, frente ao trimestre anterior, mas houve quatro reduções:

  • Indústria (6,1%, ou menos R$ 155)
  • Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (4,0%, ou menos R$ 146)
  • Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (7,1%, ou menos R$ 270)
  • Serviços domésticos (2,3%, ou menos R$ 22)

Os demais grupamentos não mostraram variações significativas.

Na comparação anual, também não houve crescimento no rendimento de qualquer grupamento, mas seis deles mostraram reduções:

  • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (7,1%, ou menos R$ 116)
  • Indústria (15,5%, ou menos R$ 439)
  • Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (9,5%, ou menos R$ 206)
  • Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (9,4%, ou menos R$ 363)
  • Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (12,8%, ou menos R$ 520)
  • Serviços domésticos (4,4%, ou menos R$ 43).

População ocupada cresce

O número de pessoas ocupadas aumentou 3,5% na comparação com o trimestre encerrado em agosto de 2021. Isso significa mais 3,2 milhões de pessoas no mercado de trabalho.

"Esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação, que pudemos ver nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa. Esse crescimento também já pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano", explicou a coordenadora do IBGE.

Segundo o IBGE, o nível de ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 55,1%, um aumento de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre anterior.

Alta é maior entre trabalhadores sem carteira assinada

Segundo o IBGE, houve um aumento de 7,4% no número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado (mais 838 mil pessoas). Em comparação ao mesmo período do ano passado, a alta é de 18,7%.

O número de trabalhadores por conta própria também cresceu: o aumento foi de 588 mil pessoas (2,3%) em relação ao último trimestre e de 3,2 milhões (14,3%) frente ao trimestre encerrado em novembro de 2020.

A taxa de informalidade foi de 40,6% e se manteve estável frente ao trimestre anterior, mas houve aumento no número de trabalhadores informais.

Do crescimento de 3,2 milhões de trabalhadores no número de pessoas ocupadas, 43% vieram do trabalho informal. Então, embora a informalidade continue se destacando na expansão da ocupação, a participação do trabalho formal no setor privado vem aumentando e contribuindo também para a recuperação da ocupação no país.
Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE

Já o número de trabalhadores com carteira de trabalho no setor privado cresceu 4% frente ao trimestre encerrado em agosto, o que representa 1,3 milhão de pessoas.

"No setor privado, os segmentos de comércio, indústria, saúde e educação e de tecnologia da informação e comunicação foram os que mais expandiram a sua ocupação com trabalhadores com carteira assinada", diz Beringuy.

Metodologia

A Pnad Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de 2.000 entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal.

Por causa da pandemia, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone desde 17 de março de 2020.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma versão anterior deste texto informava incorretamente, no primeiro parágrafo, que a taxa de desemprego no trimestre de agosto a junho de 2021 foi de 12,1%. Na verdade, foi de 13,1%. A informação foi corrigida.