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Gasolina ou álcool? Veja que conta fazer para saber qual vale mais a pena

Alexandre Santos

Colaboração para o UOL

17/03/2022 04h00

A disparada nos preços dos combustíveis tem feito muita gente se perguntar o que está sendo mais vantajoso atualmente: abastecer com álcool (etanol) ou gasolina? A resposta, no entanto, deve considerar alguns fatores importantes, dentre os quais o estado ou a cidade onde o consumidor se encontra, o modelo do veículo e se o preço do produto continuará a acompanhar a escalada do valor da gasolina.

Na semana passada, a Petrobras anunciou um mega-aumento de 24,9% no diesel, 16% no gás de cozinha e 18,7% na gasolina. A alta é justificada pelo avanço das cotações do petróleo nos mercados globais na esteira da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os preços não tinham reajuste desde 12 de janeiro.

Diante dos novos valores, a procura por álcool nos postos de combustíveis aumentou nos últimos dias. Segundo a Unica (Associação Brasileira da Indústria da Cana-de-Açúcar), que representa as usinas e unidades de produção, as vendas do etanol hidratado, que vai da bomba diretamente para o tanque do veículo, subiram 26,20% em fevereiro, em comparação com janeiro deste ano.

Embora pareça simples, para avaliar se o álcool é mais vantajoso que a gasolina, deve-se considerar, sobretudo, que haverá mais consumo se o veículo for abastecido com o derivado da cana-de-açúcar. Ou seja, para valer a pena, a diferença de preço entre os dois deve compensar esse aumento no consumo.

Existe a convenção de que o etanol será mais econômico se custar até 70% do preço da gasolina ou sair 30% mais barato, conforme parâmetros do Inmetro. Ela foi determinada a partir da diferença de consumo entre os dois combustíveis: como o álcool bebe 30% mais que a gasolina, seu custo deve ser pelo menos 30% inferior ao da gasolina para ser vantajoso.

Como calcular

Em São Paulo, o preço médio da gasolina nos últimos dias chegou a R$ 7,063, enquanto o litro do etanol sai a R$ 4,810.

Para saber o que ficará mais em conta, divida o preço do litro do álcool pelo da gasolina.

Se o resultado for menor que 0,7, o recomendável é abastecer com álcool. Caso seja maior, o mais viável é escolher a gasolina.

Por exemplo: com o etanol a R$ 4,81 e a gasolina a R$ 7,06, o resultado da divisão do primeiro pelo segundo produto será de 0,68 - portanto, menor que 0,7. Nesse caso, será mais negócio abastecer com álcool.

Percentual em evolução

Nos últimos anos, contudo, esse percentual vem se modificando tanto pelo aperfeiçoamento do etanol produzido nas usinas quanto pelas novas tecnologias cada vez mais modernas aplicadas aos motores, mais favoráveis ao produto.

Uma saída é abastecer ao menos três vezes com cada combustível e anotar o consumo (quilômetros rodados divididos por litros no abastecimento). Se o seu carro tiver computador de bordo, ele lhe dará essa informação.

Rendimento por litro

Mesmo que, em geral, o preço do litro do etanol seja menor que o da gasolina, não significa dizer que completar o tanque com álcool seja financeiramente a melhor opção.

Ainda que o cálculo que leva em conta os 70% seja o valor de referência para a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o mais indicado é fazer testes com ambos os combustíveis e verificar seus rendimentos por litro.

Nesse caso, atente-se à seguinte conta:

Divida o desempenho do etanol pelo desempenho da gasolina. Se seu carro faz 7,3 km/litro com etanol e 10 km/l com gasolina, você deve dividir 7,3 por 10, que é igual a 0,73 ou 73%. Pronto, você achou o rendimento do carro com etanol.

Qual deles polui mais?

À frente de uma campanha para estimular o consumo do etanol, a Udop (União Nacional de Bioenergia) afirma que, embora tenda a se preocupar com o bolso, o consumidor despreza os benefícios ambientais de sua utilização.

Em termos qualitativos, a queima do derivado da cana-de-açúcar não emite CO2 (dióxido de carbono) nem outros gases nocivos à atmosfera.

Além de compensar o CO2 gerado, por meio da fotossíntese da cana, o produto tem emissão cerca de 5% menor do gás.

Ou seja, no contexto atual, avalia a entidade, o combustível renovável pode ser até mais vantajoso economicamente.

Para entender as diferenças entre álcool e gasolina, entretanto, é preciso conhecer a origem de cada um desses combustíveis.

Álcool combustível

Composto por hidrogênio, carbono e oxigênio, é chamado de etanol ou álcool etílico. É produzido por fermentação a partir da cana-de-açúcar, ou seja, trata-se de um combustível não derivado do petróleo. Vantagem: sua queima emite menos gases poluentes na atmosfera.

O poder calorífico do álcool é 6300 cal/g, esse valor representa a capacidade do combustível de liberar energia ao ser queimado. No caso do álcool o valor é alto, o que significa que ele é capaz de mover o carro com menos combustível queimando, o que reflete em menos poluentes.

Gasolina

Composta basicamente por hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio). Apresenta como produtos de sua combustão, Dióxido de carbono e Monóxido de carbono. Dióxido de carbono (CO2) é um gás perigoso que contribui para o efeito estufa e o aquecimento global.

O monóxido de carbono (CO) é um gás formado pela combustão incompleta e se acumula em nossa atmosfera na forma de um poluente (smog = neblina escura). Ambos são maléficos à humanidade.