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Paralisação de servidores do BC afeta manutenção de sistemas, como o Pix

Sede do Banco Central em Brasília: funcionários podem decidir sobre greve na segunda-feira (28) - Adriano Machado/Reuters
Sede do Banco Central em Brasília: funcionários podem decidir sobre greve na segunda-feira (28) Imagem: Adriano Machado/Reuters

Fabrício de Castro

Do UOL, em Brasília

26/03/2022 04h00

A paralisação dos servidores do Banco Central, que desde o fim de 2021 pressionam o governo por aumentos salariais, já afeta uma série de divulgações e serviços da instituição. Com parte dos funcionários cruzando os braços diariamente, das 14h às 18h, o BC precisou adotar um esquema de contingência para que sistemas como o do Pix —o serviço brasileiro de pagamentos instantâneos— continuem funcionando normalmente.

Segundo o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), o risco de problemas nos diversos sistemas do BC —não apenas no Pix— está maior. Questionado pelo UOL, o BC não quis comentar.

O presidente do Sinal, Fábio Faiad, afirma que, com a paralisação dos servidores, o monitoramento de sistemas muitas vezes tem sido deslocado de uma praça para outra.

Os sistemas têm que ser monitorados por servidores. O pessoal faz o monitoramento para, caso ocorra algo, alguém possa intervir. Este monitoramento, em alguns casos, era feito em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas teve que ser deslocado para Brasília.
Fábio Faiad, presidente do Sinal

Faiad afirma que existe um monitoramento, por exemplo, do sistema ligado às chaves do Pix. Segundo ele, na última semana o trabalho foi em regime de contingência.

"Este tipo de coisa assusta o mercado e pode gerar riscos operacionais para o Banco Central", diz. "Em outro caso, o monitoramento do STR [Sistema de Transferência de Reservas] foi passado de São Paulo para Brasília."

Conforme o próprio BC, o STR é uma espécie de "coração" do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro). Por ele ocorre a liquidação e o processamento de operações de transferência de fundos. Quando alguém paga a conta com cartão numa padaria, por exemplo, o processamento é feito via STR.

Atrasos em divulgações

Além de ser obrigado a adotar esquemas de contingência no monitoramento de sistemas, o BC foi obrigado a atrasar uma série de divulgações de indicadores e informações ao mercado.

A divulgação do boletim Focus, que traz uma compilação de projeções do mercado financeiro para uma série de indicadores econômicos, atrasou na última segunda-feira (21).

A divulgação da ptax diária —taxa de câmbio calculada pelo BC— também tem atrasado. Os dados de entrada e saída de dólares do Brasil (fluxo cambial), normalmente divulgado às 14h30 das quartas-feiras, também atrasaram na última semana.

Ameaça de greve

Os servidores do BC devem se reunir na segunda-feira (28) para decidir se vão entrar em greve por aumento salarial, caso nenhum acordo seja firmado.

Atualmente, os salários dos analistas do BC variam de R$ 19.197,06 a R$ 27.369,67.

Desde o fim de 2021, os funcionários do BC vêm pressionando o governo por aumentos salariais. O movimento começou na esteira do anúncio, feito em dezembro pelo presidente Jair Bolsonaro, de que o governo poderia promover reajustes para categorias específicas —no caso, para servidores da Polícia Federal.

De acordo com Faiad, o sindicato não aceita que o reajuste salarial ocorra apenas para os policiais.