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Trabalhadores de aplicativos planejam paralisação nacional na terça-feira

Entregadores participam na praça Charles Milles, no Pacaembu, em São Paulo, em julho de 2020 - Estadão Conteúdo
Entregadores participam na praça Charles Milles, no Pacaembu, em São Paulo, em julho de 2020 Imagem: Estadão Conteúdo

Henrique Santiago

Do UOL, em São Paulo

28/03/2022 04h00Atualizada em 31/03/2022 16h36

Entregadores e motoristas de aplicativos marcaram para terça-feira (29) uma paralisação de um dia por melhoria em serviços e condições oferecidas por empresas como Uber, 99 e iFood.

Organizadores prometem que os protestos terão alcance nacional, com mobilização em todas as capitais. Trabalhadores de Santos, Ribeirão Preto, Campinas (SP), Campos dos Goytacazes, Volta Redonda, Região dos Lagos (RJ) e Juiz de Fora (MG) também vão aderir à manifestação, diz uma liderança ouvida pelo UOL.

Em São Paulo, o ponto de encontro será na sede da Uber, no Parque Industrial Tomas Edson, na região da Barra Funda. No Rio de Janeiro, os profissionais sairão do aeroporto Santos Dumont rumo ao escritório da Uber, localizado na avenida Presidente Vargas. O início do ato está previsto para as 8h em todo o país.

Segundo os trabalhadores de apps, os recentes aumentos no preço dos combustíveis diminuíram os ganhos com corridas e entregas. As demandas incluem, por exemplo, reajuste que reponha as altas recentes do GNV (Gás Natural Veicular), corrida mínima no valor de R$ 10 e regulamentação da profissão (confira mais abaixo).

Livio de Andrade, motorista de aplicativo e um dos líderes do movimento no Rio de Janeiro, diz que cada cidade tem suas diretrizes, ou seja, a movimentação não será uma amparada por uma organização nacional.

"Aqui [no Rio] vamos levar bandeiras, buzinar e tentar interferir o menos possível no trânsito. Vamos à sede da Uber para tentar falar com algum representante", afirma.

De acordo com ele, entregadores e motoristas de diferentes partes do país têm se reunido e combinado ações em grupos de WhatsApp.

Maior que breque de 2020?

Para Andrade, a paralisação de 29 de março pode ser maior do que o breque dos apps, quando entregadores de aplicativos de delivery pararam em julho de 2020. Ele cita a entrada de motoristas de apps e a piora no custo de vida.

"Em 2020 já era ruim, mas agora beira o insustentável. O combustível está muito mais caro e a inflação corrói a renda", resume.

Ele ainda acrescenta que os trabalhadores que não participarem do ato podem contribuir com a causa deixando de trabalhar na terça. "Mais importante do que ir é não rodar no dia 29. Que tire o dia de folga, se manifeste nas redes sociais, saia com a família para comer uma pizza ou ir ao cinema."

A manifestação desta semana servirá como termômetro para outras paralisações. Mas ainda não há nada previsto.

Segundo ato nesta sexta

Nesta semana também está previsto um segundo ato de trabalhadores de aplicativos. Paulo Lima, conhecido como Galo, liderança dos Entregadores Antifascistas, afirmou que o "apagão dos apps", em referência ao movimento de dois anos atrás", acontecerá na sexta-feira (1º/4).

Além da paralisação, a ação pede que os usuários usem a #apagaodosapps nas redes sociais e avalie os serviços com nota baixa nas lojas de aplicativos. As manifestações têm organizadores diferentes, diz Andrade.

Perguntado sobre esse ato, Andrade diz que o ideal seria que os trabalhadores fizessem um ato unificado. "A intenção era essa desde o começo, mas não vai ter influência [sobre a paralisação desta terça]."

A reportagem tentou contato com os organizadores do ato de 1º de abril, mas não teve retorno.

O que dizem as empresas?

Questionado sobre a paralisação, o iFood diz que respeita o direito de manifestação e que mantém o compromisso de diálogo aberto com os entregadores para buscar melhorias.

Acrescenta que implementou algumas medidas que resultaram dessa troca de conversas, como reajuste de 50% do valor mínimo do quilômetro rodado (R$1 para R$ 1,50) e da taxa mínima (de R$ 5,31 para R$ 6), por exemplo.

A 99 informa que os motoristas de 1.600 cidades passaram a ganhar, desde quarta-feira (23), R$ 0,10 a mais por quilômetro rodado para cada R$ 1 de aumento do combustível, usando como base os valores registrados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Segundo a empresa, em São Paulo, por exemplo, em uma corrida de 12 km, que gasta um litro, em média, para carro popular, o reajuste será de R$ 2,04.

A Rappi diz que respeita a manifestação pacífica e que aumentou em 40% as tarifas aos entregadores independentes de junho de 2021 a fevereiro deste ano.

O Uber não se pronunciou até a publicação desta matéria. Se a reportagem tiver um retorno da empresa, a resposta será incluída no texto.

Veja as reivindicações de motoristas

No Rio de Janeiro, a ação será coordenada por três organizações: ADRJ (Associação Driver do Rio de Janeiro), APP (Associação de Profissionais por Aplicativo) e Sindmobi (Sindicato dos Prestadores de Serviços Por Meio de Apps e Software para Dispositivos Eletrônicos do Rio de Janeiro e Região Metropolitana). As exigências desse grupo à Uber e 99 são as seguintes:

- Fixar a porcentagem que a Uber recebe em 20%;

- Corrida mínima no valor de R$ 10;

- Reajuste do valor do quilômetro para todas as corridas: Uber X (R$ 2), Comfort (R$ 2,40) e Black (R$ 3,20);

- Pagamento do tempo em corrida R$ 0,20 o minuto;

- Pagar o deslocamento até o passageiro;

- Mostrar o local de destino com informações mais específicas;

- Todas as categorias, incluindo Uber Pro, devem ter contato direto com o suporte por telefone;

- Bolsões em aeroportos (também para áreas de embarque e desembarque);

- Melhorar os incentivos para os motoristas com melhor pontuação;

- Câmera em todos os carros de motoristas mulheres;

- Detalhar os valores de todas as corridas de categorias.