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Em greve, servidores esperam se reunir com presidente do BC esta semana

Greve no Banco Central: principais exigências dos sevidores incluem um aumento salarial de 26% e reestruturação de carreira - Agência Brasil
Greve no Banco Central: principais exigências dos sevidores incluem um aumento salarial de 26% e reestruturação de carreira Imagem: Agência Brasil

Elida Oliveira

Do UOL, em São Paulo*

11/04/2022 10h30Atualizada em 11/04/2022 15h31

Os servidores do BC (Banco Central), em greve desde 1º de abril, aguardam ainda nesta semana uma definição na agenda do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, para marcarem uma reunião e discutir o fim da paralisação.

A expectativa era de que a reunião ocorresse nesta segunda-feira (11), mas ela não foi confirmada, informou Fábio Faiad, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal).

Os servidores querem reestruturação de carreira e aumento salarial de 26,6%. A greve provoca um "apagão de dados" econômicos, já que indicadores e projeções deixaram de ser divulgados devido à paralisação.

Na semana passada, a reunião entre o BC e os representantes dos servidores terminou "nenhuma proposta oficial e nenhuma novidade", segundo Faiad. Dependendo das propostas apresentadas, os servidores farão uma nova assembleia geral para discutir os novos rumos da mobilização.

Acirramento da greve

O Sinal subiu ainda mais o tom em relação aos serviços e funções do órgão que podem ser afetadas pela greve dos servidores, que continua por tempo indeterminado e que poderá afetar as atividades preparatórias para o Comitê de Política Monetária (Copom) e para o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), além de poder "afetar ainda mais" a divulgação do Boletim Focus e de diversas taxas financeiras, como a ptax.

Na última quinta-feira (7), ao comentar a suspensão dos trabalhos do Lift Challenge por causa da greve, Campos Neto disse que espera uma solução rápida para a paralisação dos servidores da autarquia. O comentário foi feito durante live da Legend Investimentos. "A gente tem agora o tema da greve, que a gente espera endereçar em breve", disse o presidente do BC.

Na sexta-feira (8), o Banco Central sinalizou que a greve de servidores do órgão ainda não gera risco sistêmico, embora crie dificuldades localizadas.

Apagão de dados

O mercado financeiro está no escuro com o "apagão de dados" do Banco Central, que deixou de publicar indicadores e projeções por causa da greve dos servidores.

A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para o começo de maio, também pode ter sua preparação afetada pelo movimento dos funcionários do órgão. As decisões do Copom são embasadas em um conjunto de apresentações técnicas do corpo funcional do BC, que tratam da evolução e de perspectivas das economias brasileira e mundial, das condições de liquidez e do comportamento dos mercados.

"O mercado está no escuro. Isso é verdade. Por outro lado, o BC já telegrafou a alta para 12,75% em maio (aumento de 1 ponto porcentual), o que fica mais incerto são os próximos passos", disse o economista Alexandre Schwartsman, que já esteve em uma das cadeiras do Copom.

O economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Souza Leal, disse que o mercado acompanha a greve de "soslaio", dado que ainda falta tempo para a reunião. "Mas não é uma situação confortável, além de ser inédita."

Numa das maiores greves da categoria, no governo Lula, em 2007, ocorreram atrasos no Boletim Focus, mas a realização do Copom foi preservada.

*Com informações do Estadão Conteúdo