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MPF dá 15 dias para iFood explicar campanha contra entregadores

Segundo o MPF, a medida tem o objetivo de apurar se o iFood violou o direito de acesso à informação, uma vez que, se forem comprovadas as denúncias, a empresa teria manipulado a compreensão de fatos - Leonidas Santana/Getty Images
Segundo o MPF, a medida tem o objetivo de apurar se o iFood violou o direito de acesso à informação, uma vez que, se forem comprovadas as denúncias, a empresa teria manipulado a compreensão de fatos Imagem: Leonidas Santana/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

18/04/2022 17h36

O MPF (Ministério Público Federal) deu hoje o prazo de 15 dias para que o iFood preste esclarecimentos sobre as campanhas de marketing contra reivindicações de entregadores do aplicativo. O caso foi revelado pela Agência Pública em uma reportagem publicada no início do mês.

As empresas Social Qi e Benjamin Comunicação, que teriam sido contratadas para realizar as campanhas, também foram notificadas e devem apresentar em até 15 dias documentos referentes às tratativas e contratos com o iFood.

O despacho da Procuradoria Regional do Direitos do Cidadão também notifica os responsáveis pelo iFood e pelas empresas de comunicação para que mensagens, gravações, contratos ou outras eventuais evidências do caso não sejam alteradas ou destruídas.

De acordo com a reportagem da Agência Pública, entre julho de 2020 e novembro de 2021 as agências de comunicação monitoraram greves de entregadores e criaram perfis falsos e páginas em redes sociais. O objetivo era tentar deslegitimar as demandas dos trabalhadores e influenciar a opinião pública a favor da empresa.

Segundo o MPF, a medida tem o objetivo de apurar se o iFood violou o direito de acesso à informação, uma vez que, se forem comprovadas as denúncias, a empresa teria manipulado a compreensão de fatos.

"Tal direito, bem interpretado, não se reduz à possibilidade jurídica de ser receptor da expressão de outrem, englobando, muito além, a possibilidade jurídica de obter conteúdos informativos qualificados", diz o despacho do MPF, assinado pelo procurador Yuri Corrêa da Luz.

À Agência Pública, à época da publicação da reportagem, o iFood afirmou que sua atuação nas redes sociais "se dá estritamente dentro da legalidade, não compactuando com o uso de perfis falsos, geração de informações falsas, automação de publicações por uso de robôs ou compra de seguidores."

A empresa também informou que suas comunicações institucionais são feitas apenas por seus canais oficiais e que contrata agências, como a Benjamin Digital, mas que nunca teve relação comercial com a Social Qi.