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Bancos criticam Bolsonaro por aumentar imposto: 'Governo gosta de inflação'

O presidente da Febraban também disse que tomar uma medida contra bancos poderia render apoio político, mas que no fim da linha, a ação acaba afetando o cidadão - Divulgação/Febraban
O presidente da Febraban também disse que tomar uma medida contra bancos poderia render apoio político, mas que no fim da linha, a ação acaba afetando o cidadão Imagem: Divulgação/Febraban

Do UOL, em São Paulo

29/04/2022 10h55Atualizada em 29/04/2022 12h14

O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, criticou a decisão do governo Jair Bolsonaro (PL) de aumentar a taxação sobre bancos e demais instituições financeiras. A entidade emitiu uma nota hoje afirmando que "a medida mostra insensibilidade".

Em entrevista ao Estadão, Sidney argumentou que a decisão de Bolsonaro é ineficaz para resolver problemas estruturais do país e terá impacto na inflação.

A impressão que fica é que o governo gosta de inflação e não se importa com as consequências de mais pressão inflacionária.
Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), em entrevista ao Estadão

Sidney falou que "é intrigante que, havendo setores muito mais lucrativos e com volumes elevados de incentivos fiscais, os bancos venham a ser penalizados com mais carga tributária".

"O governo erra ao aumentar, mais uma vez, a alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para os bancos, onerando consumidores, famílias e empresas, com crédito mais caro", afirmou o representante dos bancos, na nota de hoje.

O presidente da Febraban também disse que tomar uma medida contra bancos poderia render apoio político, mas que, no fim da linha, a ação acaba afetando o cidadão de toda forma, uma vez que vai resultar no encarecimento de linhas de crédito como financiamento imobiliário e crédito consignado.

"A medida mostra insensibilidade com as pessoas e empresas, particularmente as micro e pequenas, que mais precisam de crédito", argumentou Sidney. "Não faz sentido aumentar a carga tributária em um momento em que a economia desacelera e quando a Selic e a inflação estão nas alturas", completou.

Tanto na nota, quanto ao Estadão, Isaac Sidney insistiu que para resolver os problemas econômicos do país a única saída, em sua opinião, é aprovar as reformas que tramitam no Congresso —uma delas é a tributária.

Associação das Instituições de Crédito também critica

A Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) também divulgou uma nota hoje por meio da qual "repudiou veementemente" o aumento da taxa.

"A medida adotada, neste momento, é totalmente descabida uma vez que aumentará o custo do crédito em um momento de alta de juros. A Acrefi entende que, tal medida, além de elevar os custos de operação, traz prejuízos aos consumidores e ao Sistema Financeiro", diz o texto.

Entenda o aumento

O presidente Jair Bolsonaro editou na noite de ontem uma medida provisória para aumentar temporariamente a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) em 1%. Se for aprovada pelo Congresso dentro de 120 dias, ela estará válida até 31 de dezembro.

A taxa para os bancos que hoje é de 20% se tornará, dentro de três meses, 21%. As demais instituições financeiras terão alta de 15% para 16%.

A previsão do governo federal é de que isso gere um aumento de arrecadação de R$ 244,1 milhões este ano.