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BC dos EUA anuncia maior alta dos juros desde 2000, para frear inflação

Decisão tenta conter a inflação no país - marchmeena29/iStock
Decisão tenta conter a inflação no país Imagem: marchmeena29/iStock

Do UOL*, em São Paulo

04/05/2022 15h21Atualizada em 04/05/2022 16h25

O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, decidiu hoje elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, para 0,75 a 1% ao ano. Este é o maior aumento em 22 anos, em meio à inflação recorde no país.

Em março, a inflação chegou ao nível mais alto em 40 anos, de 8,5%, impulsionada pela guerra na Ucrânia.

O Comitê Federal de Mercado aberto anunciou a mudança ao final de dois dias de reunião de política monetária em Washington. A decisão deve impactar os mercados internacionalmente, já que um rendimento maior das ações dos EUA, considerados como a economia mais segura do mundo, diminui a atratividade dos papéis de países emergentes, como o Brasil. Além disso, empréstimos em dólares podem ficar mais caro para economias em desenvolvimento.

A sinalização do Fed é que mais aumentos de magnitude semelhante podem estar por vir. Essa foi a segunda alta consecutiva das taxas de juros desde março deste ano. Antes, a autarquia não subia o índice desde 2018.

Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed disse estar "altamente atento aos riscos da inflação". "A inflação continua alta conforme a guerra na Ucrânia e novos lockdowns contra o coronavírus na China ameaçam manter a pressão elevada", disseram.

O comunicado disse que o balanço do Fed, que saltou para cerca de US$ 9 trilhões de dólares conforme o banco central tentava proteger a economia da pandemia de covid-19, poderá cair em US$ 47,5 bilhões por mês até agosto. A redução da carteira de títulos também é uma tentativa de conter o aumento nos preços.

As autoridades do Fed não divulgaram novas projeções econômicas após a reunião desta semana, mas os dados desde o último encontro, em março, deram poucos sinais de que a inflação, o crescimento salarial ou um ritmo rápido de contratações começaram a desacelerar.

'Conter inflação é fundamental'

O presidente do Fed, Jerome Powell começou sua coletiva de imprensa após a decisão monetária do BC com uma mensagem à população dos EUA, reconhecendo os desafios impostos pela alta inflação no país e reforçando que a entidade está se movendo para reverter a pressão sobre os preços.

Segundo Powell, os EUA passou por muitas dificuldades e, ainda assim, sua economia se manteve firme. Para que essa tendência se mantenha, é fundamental controlar a inflação, de forma a prover estabilidade econômica.

Em adição ao cenário de forte inflação, o mercado de trabalho está "extremamente apertado" e as pressões nos preços, amplas, disse Powell.

A demanda interna dos EUA também está muito forte, e os gargalos na cadeia produtiva não permite que ela seja completamente atendida, ressaltou o banqueiro central.

*Com informações da Reuters e AFP