Bloqueio de verbas atinge mais Educação, Ciência, Saúde e Defesa, diz IFI
O bloqueio de R$ 8,2 bilhões de recursos no Orçamento de 2022, anunciado no fim de maio pelo Ministério da Economia, vai afetar principalmente os ministérios de Ciência e Tecnologia, Educação, Saúde e Defesa. Juntos, os quatro ministérios serão responsáveis por R$ 6,3 bilhões do bloqueio, ou 78% do total. O bloqueio significa que o dinheiro não poderá ser gasto pelas pastas.
O levantamento foi feito pela IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão de assessoramento do Senado, com base em um decreto publicado na terça-feira (31) no Diário Oficial da União. Oficialmente, o governo ainda não detalhou onde fará os cortes.
Conforme a IFI, os cortes nos ministérios foram os seguintes (por ordem de valores):
- Educação: R$ 2 bilhões
- Ciência, Tecnologia e Inovações: R$ 1,8 bilhão
- Saúde: R$ 1,6 bilhão
- Defesa: R$ 1 bilhão
- Infraestrutura: R$ 455,5 milhões
- Agricultura, Pecuária e Abastecimento: R$ 276,7 milhões
- Cidadania: R$ 256,7 milhões
- Relações Exteriores: R$ 187 milhões
- Comunicações: R$ 141,7 milhões
- Justiça e Segurança Pública: R$ 140,8 milhões
- Minas e Energia: R$ 58,5 milhões
- Turismo: R$ 54,8 milhões
- Mulher: R$ 22,9 milhões
- Economia: R$ 871 mil
Além dos ministérios, os bloqueios atingiram a Presidência da República (R$ 35,4 milhões) e o Banco Central (R$ 29,1 milhões). Houve ainda bloqueio de R$ 888,3 milhões das chamadas emendas de relator —as emendas do chamado "orçamento secreto, alvos de polêmica.
Ao mesmo tempo, conforme o levantamento da IFI, o decreto previu mais recursos para o Ministério do Desenvolvimento Regional (R$ 657 milhões) e para o Ministério do Trabalho e Previdência (R$ 331 milhões).
Com isso, chegou-se à cifra de R$ 8,2 bilhões bloqueados.
Por que os recursos foram bloqueados?
O governo decidiu bloquear R$ 8,2 bilhões em gastos discricionários —aqueles que são definidos pelo próprio governo e servem para o pagamento de despesas de custeio em geral (luz, água, energia) e investimentos.
O montante retido vai evitar o descumprimento do chamado teto de gastos —a regra constitucional que limita o gasto ao previsto no Orçamento do ano anterior, corrigido pela inflação. Em março, o governo já havia bloqueado R$ 1,7 bilhão com o mesmo objetivo.
Assim, o corte total já chega a R$ 9,9 bilhões.
O bloqueio de recursos para ministérios e demais órgãos, no entanto, pode ser ainda maior. Se decidir conceder aumento salarial de 5% para todos os funcionários públicos federais a partir de julho, o governo precisará de espaço adicional de R$ 5 bilhões no Orçamento de 2022.
O desejo do presidente Jair Bolsonaro é conceder aumento apenas a policiais, que constituem importante base eleitoral do presidente. Mas o governo vem negociando para dar aumento a todos os servidores, como forma de reduzir a pressão de parte dos funcionários públicos, que estão em greve.
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