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Petrobras investirá US$ 236,7 bi até 2017, com foco em produção

Roberto Samora e Sabrina Lorenzi

15/03/2013 19h33

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 15 Mar (Reuters) - A Petrobras elevou em apenas US$ 200 milhões os investimentos que fará entre 2013 e 2017, de acordo com o novo programa de negócios divulgado nesta sexta-feira, mas aumentou significativamente os investimentos em exploração e produção no Brasil.

Os investimentos totais previstos no Plano de Negócios e Gestão 2013-2017 somam US$ 236,7 bilhões --maior programa empresarial de gastos do mundo--, ante US$ 236,5 bilhões estabelecidos no plano de 2012-2016.

Deste total, o segmento de Exploração & Produção (E&P) receberá US$ 147,5 bilhões e, diferentemente do plano anterior, os recursos serão direcionados exclusivamente para o Brasil. O objetivo, segundo a empresa, é a "manutenção das metas de produção de óleo e gás natural".

Além disso, a companhia afirmou que o programa não incluiu novos projetos, "exceto para a exploração e produção de óleo e gás natural no Brasil".

O aumento dos investimentos em E&P ocorre antes da retomada dos leilões de áreas de exploração de petróleo e gás no país, prevista para este ano, após a ausência de licitações no setor desde 2008.

O segmento de E&P continua respondendo, de longe, pela maior parte dos recursos, com 62% do total a ser investido no período de 2013-2017.

No plano anterior, para o período 2012-16, a estatal previa investimentos totais em E&P de US$ 141,8 bilhões, sendo que US$ 131,6 bilhões no Brasil --com expectativa de vender ativos no exterior, os investimentos externos nessa divisão foram reduzidos.

Produção

A meta de produção de petróleo e gás foi mantida, com expectativa de que em 2016 chegue a 3 milhões de barris de óleo equivalente/dia no Brasil, ante os 2,36 milhões de barris de janeiro. Para 2017, esse volume deverá subir para 3,4 milhões de barris (com 35% tendo origem no pré-sal). E, para 2020, a extração está prevista para subir a 5,2 milhões de barris.

A área de Abastecimento, que tem sido o foco de perdas da Petrobras, em função da crescente importação de combustíveis a valores mais altos do que os de venda, segue sendo a segunda mais importante dentro da companhia, com investimentos previstos de US$ 64,8 bilhões, ante US$ 65,5 bilhões no plano anterior --item definido pela estatal no plano anterior como Refino, Transporte e Comercialização (RTC).

A área que sofreu maior redução de investimento no novo plano foi a de Gás & Energia, com queda de 28,3% na comparação com o anterior, para US$ 9,9 bilhões.

A área de biocombustíveis receberá US$ 2,9 bilhões no período, queda de 23,7% ante o plano anterior.

A carteira de projetos em implantação corresponde a US$ 207,1 bilhões, contemplando todos os projetos já contratados e todos os de Exploração & Produção no Brasil.

A carteira em avaliação, com investimentos previstos de US$ 29,6 bilhões, engloba projetos dos demais segmentos que atualmente se encontram em fase de identificação de oportunidade, projeto conceitual e projeto básico que, para migrar para a carteira em implantação, precisam confirmar viabilidade técnico-econômica.

Desinvestimentos

A Petrobras também informou que os desinvestimentos serão menores no novo plano, somando US$ 9,9 bilhões, que devem ingressar no caixa da Petrobras principalmente em 2013.

A estatal desistiu de vender alguns ativos por conta do cenário econômico desfavorável, disse uma fonte da empresa à Reuters na condição de anonimato, e por isso houve redução na previsão de desinvestimento, que no plano anterior chegava a US$ 14,8 bilhões.

Financiamento

A Petrobras afirmou em nota que os recursos necessários para o financiamento dos projetos em implantação serão provenientes da geração de caixa operacional (US$ 164,7 bilhões), uso de caixa excedente (US$ 10,7 bilhões), desinvestimentos e reestruturações financeiras (US$ 9,9 bilhões) e captações (US$ 61,3 bilhões "bruto" e US$ 21,4 bilhões "líquido").

"Em 2013 haverá a combinação de maior investimento anual com menor geração operacional de caixa no período, situação que será revertida durante o período do Plano de Negócios e Gestão (PNG), com o fluxo de caixa livre, antes dos dividendos, se tornando positivo a partir de 2015", disse a empresa.

A companhia destacou que o aumento da geração de caixa devido ao crescimento da produção e da maturação dos investimentos reduzirá a necessidade de captações ao longo do período 2013-17, tendo impacto no endividamento.

"A expectativa é que em 2017 a Companhia esteja apresentando uma geração operacional de caixa em torno de US$ 50 bilhões por ano", disse a estatal no documento.

A empresa também se comprometeu a manter a alavancagem financeira dentro da meta de 25% a 35% no período, sem ultrapassar o limite de 35%, e encerrando 2017 em 27%.

Além disso, previu que o indicador dívida líquida/EBITDA retornará, a partir de 2014, ao limite definido de até 2,5 vezes, caindo para 1,65 vez em 2017.

O índice de dívida líquida/Ebitda ajustado subiu ao fim de 2012 para 2,77 vezes, ante 1,66 vez no final do ano anterior, alta de 67%, levantando preocupações sobre o grau de investimento da empresa.

"A Companhia mantém seu compromisso com o investment grade e com a não emissão de ações", acrescentou.

(Reportagem adicional de Jeb Blount)