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Japão vai injetar US$ 1,4 tri na economia do país contra a crise

Leika Kihara e Stanley White

Da Reuters, em Tóquio

04/04/2013 10h47

O Banco do Japão, banco central do país, anunciou nesta quinta-feira o impulso mais intenso de estímulo monetário do mundo, prometendo injetar por volta de US$ 1,4 trilhão na economia em menos de dois anos, uma aposta arriscada que fez o iene recuar e os rendimentos de títulos do país registrarem mínimas.

O novo presidente do BC japonês, Haruhiko Kuroda, fez o banco comprometer-se à compra de títulos ilimitada e afirmou que a base monetária vai quase dobrar, para 270 trilhões de ienes (US$ 2,9 trilhões) até o fim de 2014, em uma medida de choque para acabar com duas décadas de estagnação.

Na primeira reunião de Kuroda, o banco central trocou sua meta de política para a base monetária --o montante de dinheiro em circulação na economia--, deixando de lado a taxa overnight, que está entre zero e 0,1 por cento.

O BC adotou política similar entre 2001 e 2006, mas não nessa escala.

O escopo da mudança que Kuroda promove, e o fato de ele assegurar apoio unânime da diretoria para ela, puxou fortemente o iene para baixo e derrubou o rendimento do título de 10 anos do país para uma mínima recorde.

"Este é um nível sem precedentes de afrouxamento monetário", disse Kuroda em entrevista, após a primeira reunião de política dele como presidente do banco central.

"Nós realizamos todas os passos disponíveis que conseguimos conceber. Estou confiante de que todas as medidas necessárias para atingir 2 por cento de inflação em dois anos foram tomadas hoje", afirmou ele.

O índice Nikkei .N225, do Japão, anulou perdas superiores a 2 por cento para encerrar em alta de 2,2 por cento, um pouco abaixo da máxima de fechamento em quatro anos e meio atingida no mês passado.

"Eu posso dizer que o BC deu uma resposta perfeita às expectativas do mercado", afirmou a economista-chefe do RBS Securities para o Japão, Junko Nishioka. "Kuroda cumpriu sua promessa de impulsionar o afrouxamento monetário em termos de volume e tipo de ativos que o banco central compra."

Para atingir a meta de 2 por cento de inflação, o BC irá aumentar as compras de ativos para dobrar sua carteira de títulos do governo e de fundos de investimento em índice (ETF, na sigla em inglês) em dois anos.

Ao fazer isso, o BC irá reverter para compras ilimitadas de ativos e comprar mais de 7,5 trilhões de ienes em títulos do governo de longo prazo por mês, para que o protfólio de suas carteiras de títulos aumentem a um ritmo anual de 50 trilhões de ienes.

"O BC irá conduzir operações no mercado de dinheiro para que a base monetária aumente a um ritmo anual de cerca de 60 trilhões a 70 trilhões de ienes", afirmou o BC em comunicado anunciando a decisão.

Apesar da animação do mercado, alguns analistas mostraram-se céticos sobre se injetar dinheiro em mercados já encharcados com excesso de fundos é uma solução para acabar com a deflação.

A base monetária deve aumentar para 200 trilhões de ienes este ano e para 270 trilhões de ienes até o final de 2014, quase o dobro em relação a 2012, quando era de 138 trilhões de ienes, informou o BC.

(Reportagem adicional de Tetsushi Kajimoto e Kaori Kaneko)