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Consultorias imobiliárias miram custos e focam em imóveis usados

05/06/2013 19h11

Por Juliana Schincariol

RIO DE JANEIRO, 5 Jun (Reuters) - Enquanto as construtoras e incorporadoras ensaiam uma retomada dos lançamentos de imóveis, as corretoras imobiliárias se focam na redução de custos e regiões mais atrativas para manter o ritmo de seus negócios, além do crescimento do mercado de imóveis usados.

"Nós somos o espelho das grandes incorporadoras", disse à Reuters o presidente da BR Brokers, Sérgio Freire, mencionando que uma melhora do ambiente de negócios para as construtoras e incorporadoras deverá se refletir nos resultados da companhia que dirige. O executivo vê uma recuperação do Valor Geral de Vendas (VGV) da empresa a partir do segundo trimestre.

Assim como a concorrente com quem disputa a liderança do setor, a Lopes também vê uma recuperação dos lançamentos nos próximos meses.

"A gente está otimista com a dinâmica de mercado sobre lançamentos, que estão levemente melhores sobre o ano passado", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Lopes, Marcello Leone.

A consultoria imobiliária deixou de atuar, no ano passado, em Goiás e no Rio Grande do Norte para se concentrar nas suas operações nas regiões Sul e Sudeste.

Em pesquisa recente, a empresa apontou que os lançamentos de imóveis no Brasil podem aumentar cerca de 7 por cento neste ano, após queda de cerca de também 7 por cento no ano passado.

Com a entrega de projetos de 2008 e passada a fase de ajuste iniciada em meados de 2011 pela maior parte das construtoras e incoporadoras do país, as empresas de construção civil podem ter deixado para trás o pior momento da readequação de suas operações para retomar o ritmo de lançamentos, que tiveram forte desaceleração em 2012.

Mas ainda assim o momento é de cautela para todo o setor. "A opção mais provável é que os lançamentos permaneçam um pouco mais lentos e os preços dos imóveis novos não voltem aos patamares anteriores. Neste caso, as consultorias imobiliárias têm que reduzir custos e ganhar muita eficiência", disse o analista da XP Investimentos, Richard Cole.

A partir do primeiro trimestre do ano passado, a BR Brokers implementou uma redução de custos, com corte de pessoal e fechamento de lojas que não eram lucrativas.

No primeiro trimestre deste ano o esforço já mostrou uma economia nominal de 8 por cento, segundo Freire. "Ao longo deste ano, a gente parte para uma análise mais profunda do processo, de eficiência operacional", disse.

Rio de Janeiro e São Paulo são a principal área de atuação da companhia, com 75 por cento das vendas nos últimos trimestres.

Brasília, Salvador e Curitiba ainda possuem estoques muito altos, segundo o executivo. "Essas três capitais que vão sofrer um pouco mais ao longo do ano que o resto (do País)", afirmou, mencionando o alto nível de estoque destas cidades que anda precisa ser vendido.

USADOS

Enquanto tenta se desfazer de estoques e emplacar as vendas dos novos lançamentos, o mercado de imóveis usados, conhecido como secundário, tem mostrado avanços.

Além disso, com uma saturação natural para os lançamentos nos próximos anos, a tendência é que as vendas de imóveis usados seja responsável pela maior parte dos negócios das corretoras imobiliárias nos próximos anos.

Em julho do ano passado, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal foram os primeiros a oferecer taxas mais atrativas para os financiamento imobiliário, induzindo outras instituições bancárias a fazer o mesmo e a atrair novos clientes, especialmente no mercado de usados, na visão de Leone, da Lopes.

"A gente sentiu o consumidor vindo para o mercado de usado de maneira muito forte", afirmou o executivo.

As recentes aquisições de Lopes e BR Brokers foram voltadas para este segmento de usados. Na Lopes, foram compradas 19 empresas do setor entre 2010 e 2012 e a companhia viu esse mercado passar de 600 milhões de reais em 2009 para 4,6 bilhões de reais no ano passado, disse Leone.

Já na BR Brokers, enquanto a venda de lançamentos caiu 10 por cento no primeiro trimestre na comparação anual, o mercado secundário cresceu 23 por cento na mesma base.

Os preços do segmento também têm acompanhado essa tendência. O índice FipeZap ampliado, que reúne imóveis anunciados em classificados, mostra um aumento de 10,3 por cento dos preços de imóveis em 12 meses até maio, enquanto isso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 6,49 por cento até abril.