Pessimismo com a China não se justifica, diz presidente da Vale
Por Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA, 16 Abr (Reuters) - O pessimismo com a economia da China, principal compradora de minério de ferro da brasileira Vale, não se justifica, uma vez que os indicadores chineses continuam a surpreender, disse o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, após evento em Brasília.
"Estamos comemorando a produção de 70 milhões de toneladas de aço (na China), recorde de todos os tempos, de toda vida de produção de aço. Eu estou dizendo que a cada mês vocês falam mal da China e a cada mês ela surpreende. Vai ter novo recorde? Continuo muito confiante com a China", afirmou Ferreira à Reuters.
A produção de aço na China em março ficou em 70,25 milhões de toneladas, alta de 2,2% sobre um ano atrás, mostraram dados da Agência Nacional de Estatísticas do país nesta quarta-feira (16).
Já a economia da China cresceu 7,4% no primeiro trimestre sobre um ano antes, informou nesta quarta-feira a agência. O resultado ficou ligeiramente acima da expectativa em pesquisa da Reuters de 7,3%, mas ainda abaixo dos 7,7% no último trimestre de 2013.
O presidente da Vale indicou ainda que acredita em um crescimento na produção de aço da China em 2014. "Eu acho que a China neste ano faz de 820 milhões a 850 milhões de toneladas", declarou ele.
A China, maior produtor global de aço do mundo, produziu 779 milhões de toneladas em 2013, segundo a associação global que representa a indústria, a Worldsteel.
Na terça-feira (15), as ações preferenciais da Vale recuaram 4,62% na bolsa paulista, diante de temores sobre desaceleração na economia da China.
Nesta quarta, os papéis da mineradora exibiam valorização de 0,54% às 14h07, cotadas a R$ 28,02, com desempenho abaixo do Ibovespa, que subia 1,01% no mesmo horário.
Guiné
O presidente da Vale disse ainda que a mineradora não recebeu nenhuma comunicação do governo da Guiné sobre a situação das concessões de minério de ferro da mineradora e de sua parceira no país, ao ser questionado sobre o assunto.
Um relatório do governo da Guiné recomendou este mês que a BSG Resources (BSGR) e sua parceira Vale em joint venture no país percam duas concessões de minério de ferro, dizendo que a BSGR as obteve por meio de corrupção.
O relatório disse que a Vale, maior acionista da joint venture VBG, não participou da corrupção.
A BSGR vendeu 51% de seus ativos na Guiné para a Vale em 2010, quando criou a VBG, em um negócio de US$ 2,5 bilhões.
A Vale pagou US$ 500 milhões no ato, com pagamento futuros condicionados ao cumprimento de metas de produção.
A Vale já reconheceu em relatório ao mercado que se o governo da Guiné decidir aceitar a recomendação, a companhia poderá perder todo o seu investimento no projeto de Simandou.
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