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Copa e remessas ajudam e déficit externo do Brasil cai a US$3,3 bi em junho

25/07/2014 19h03

Por Luciana Otoni

BRASÍLIA (Reuters) - O déficit em transações correntes do Brasil recuou 14 por cento em junho na comparação anual, para 3,345 bilhões de dólares, por conta dos maiores gastos de turistas estrangeiros no Brasil durante a Copa do Mundo e menores remessas de lucros e dividendos por multinacionais instaladas no país.

Foi o melhor resultado em conta corrente do Brasil desde setembro do ano passado, quando o déficit foi de 2,6 bilhões de dólares. E, pela primeira vez desde novembro do ano passado, o déficit foi coberto por investimentos estrangeiros diretos.

Os investimentos diretos somaram 3,924 bilhões de dólares em junho, ante 7,17 bilhões de dólares no mesmo mês do ano passado e 6 bilhões de dólares em maio desde ano.

Economistas consultados pela Reuters previam saldo negativo em conta corrente de 3,9 bilhões de dólares em junho e investimentos estrangeiros diretos de 3,925 bilhões de dólares.

Nos 12 meses até junho, o déficit em conta corrente --que engloba as exportações e importações de bens e serviços, entre outros -- soma 81,2 bilhões de dólares, ou 3,58 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto os investimentos estrangeiros diretos totalizam 63,3 bilhões de dólares, ou 2,79 por cento do PIB.

"Os dois principais responsáveis pelo déficit (em conta corrente) menor que o projetado foi a redução no déficit em viagens... e nas remessas de lucros e dividendos", afirmou o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, lembrando que o BC havia projetado o déficit em conta corrente de junho em 4,3 bilhões de dólares.

As remessas de lucros e dividendos recuaram 24 por cento para 1,7 bilhão de dólares, ante 2,2 bilhões de dólares em junho do ano passado.

Os gastos de estrangeiros em viagem no país saltaram 76 por cento em junho na comparação anual para 797 milhões de dólares, enquanto os gastos dos brasileiros no exterior subiram 4,9 por cento. Com isso, o déficit de viagens caiu 17 por cento para 1,2 bilhão de dólares no mês passado. Segundo Rocha, a Copa do Mundo ajudou a diminuir o saldo negativo no mês passado.

A conta de capital e financeira do balanço de pagamentos foi superavitária em 6,9 bilhões de dólares em junho, com destaque para o ingresso líquido de 6,7 bilhões de dólares para investimentos em carteira. Com isso, o saldo do balanço de pagamentos ficou positivo em 3,75 bilhões de dólares no mês passado.

De janeiro a junho, o déficit em conta corrente no país soma soma 43,3 bilhões de dólares, praticamente estável em relação ao déficit de 43,2 bilhões de dólares no mesmo período do ano passado.

JULHO

O BC estima que o déficit em conta corrente em julho subirá para 6,7 bilhões de dólares, ao mesmo tempo em que vê elevação dos investimentos estrangeiros diretos para 5,2 bilhões de dólares no período.

Segundo Rocha, isso vai acontecer por conta dos déficits já registrados pela balança comercial neste mês e porque a conta de juros deve vir maior por conta da sazonalidade de pagamentos.

Ele lembrou, contudo, que em comparação a julho de 2013, quando o déficit foi de quase 9 bilhões de dólares, o resultado esperado é melhor. "Haverá menor transferência de lucros e dividendos", afirmou ele, acrescentando que no acumulado do mês até o dia 23, as remessas somavam 725 milhões de dólares, ante um total de 1,215 bilhão de dólares em julho do ano passado.