IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Lucro da Vale sobe a R$3,19 bi no 2º tri; queda do minério limita ganho

© Sergio Moraes / Reuters
Imagem: © Sergio Moraes / Reuters

31/07/2014 07h12

SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Vale, maior produtora global de minério de ferro, informou nesta quinta-feira lucro líquido de 3,187 bilhões de reais no segundo trimestre, com preços menores do principal produto da companhia limitando ganhos.

O lucrou saltou 283 por cento na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o resultado foi afetado por surpreendentes perdas contábeis cambiais bilionárias.

Em relação ao primeiro trimestre, houve uma queda de 46 por cento, devido à baixa contábil relacionada a ativos em Simandou (Guiné) e da mina de Integra Coal (Austrália) que totalizou 1,73 bilhões de reais.

As vendas de minério de ferro (finos) cresceram 7,7 por cento ante o mesmo período do ano anterior, para 63,726 milhões de toneladas, com a Vale compensando parcialmente os preços menores do produto, que caíram 17,6 por cento ante 2013, para 84,60 dólares por tonelada, devido ao aumento da oferta global --a própria companhia produziu um recorde para o segundo trimestre.

"Um trimestre bastante desafiador, em que o preço do nosso principal produto, o minério de ferro, caiu... mas no qual, ainda assim, a Vale conseguiu manter praticamente estável seu resultado operacional. A receita cresceu... graças ao desempenho muito positivo da nossa produção", disse o diretor financeiro, Luciano Siani, em vídeo divulgado pela companhia.

A Vale notou que, "apesar dos preços do minério de ferro mais baixos, a Vale pagou confortavelmente dividendos, no valor de 2,1 bilhões de dólares, mantendo o seu nível de endividamento total em 30,257 bilhões de dólares".

O Ebitda (importante indicador operacional) ajustado foi de 9,136 bilhões de reais no segundo trimestre, contra 10,174 bilhões de reais no mesmo período do ano passado.

A receita operacional somou 22,478 bilhões de reais no segundo trimestre, praticamente estável na comparação com um ano antes.

Na moeda norte-americana, o lucro líquido da Vale somou 1,43 bilhão de dólares, abaixo da expectativa de analistas de 1,89 bilhões de dólares.

A empresa disse ainda que no primeiro semestre de 2014 seus investimentos totalizaram 5,056 bilhões de dólares, queda de 2,105 bilhões de dólares quando comparados com o mesmo período de 2013. Na primeira metade do ano, o capex de manutenção caiu 21 por cento, totalizando 1,658 bilhão de dólares.

Siani ainda reafirmou a política de austeridade da Vale. "Não só a companhia vem gerando melhores resultados operacionais como também com um rigoroso controle de custos."

As despesas gerais e administravas caíram 21 por cento, para 528 milhões de reais, na comparação com o trimestre anterior e com um ano antes.

No segundo trimestre, o custo dos produtos vendidos (CPV) foi de 13,566 bilhões de reais, queda de 394 milhões de reais em relação ao trimestre anterior. Após os ajustes dos efeitos de maior volume e variação cambial, os custos diminuíram 421 milhões de reais em comparação com os primeiros três meses do ano.

MINÉRIO DE FERRO

A Vale viu uma melhora no seu preço realizado de minério de ferro no segundo semestre quando comparado ao índice Platt's IODEX, embora ainda abaixo do preço realizado no trimestre anterior.

Isso ocorreu em função de menor efeito dos ajustes de preços provisionados registrados no segundo trimestre em comparação com o primeiro trimestre, maiores vendas CFR (custo e frete) e um impacto positivo maior dos contratos atrelados aos preços passados.

A mineradora informou que as vendas de minério de ferro no período foram distribuídas em três sistemas de precificação: 58 por cento baseadas no trimestre corrente, preços spot mensais e diários, incluindo as vendas a preços provisórios que foram liquidadas dentro do trimestre; 28 por cento baseadas em preços provisionados com liquidação pelo preço no momento da entrega; e 14 por cento ligadas a preços passados (média trimestral com a defasagem de um mês).

Segundo nota da Vale, o aumento de oferta pelos principais produtores pressionou os preços no período, mas causou o fechamento de minas de alto custo e a redução de exportações de produtores não tradicionais como Indonésia, México e Vietnã.

Quando os produtores menos eficientes saem do mercado, há uma tendência de sustentação das cotações.

CHINA ELEVA PARTICIPAÇÃO

A China, maior importador global de minério de ferro, elevou a participação nas compras de produtos da Vale para 35,5 por cento, ante 33 por cento no ano passado, com compras equivalentes a quase 8 bilhões de reais. As vendas da mineradora para os chineses subiram cerca de 500 milhões de reais na comparação anual.

O minério de ferro respondeu por 53,5 por cento das vendas totais da Vale para todos os clientes, rendendo um montante de 12 bilhões de reais. A fatia do produto no total da receita caiu ante os 56,2 por cento de um ano antes, com o níquel elevando a sua parte no bolo.

As vendas de níquel, maior fonte de receita da Vale após o minério e as pelotas, somaram 2,65 bilhões de reais, aumento de 22,7 por cento e 30,2 por cento em relação ao primeiro trimestre e ante o segundo trimestre de 2013, devido à alta do preço médio realizado e também em razão do crescimento do volume vendido no período, para 67 mil toneladas, contra 65 mil toneladas um ano antes.

"Conseguimos aumentar o volume vendido apesar da menor produção no 2T14, através das vendas de níquel na cadeia de suprimentos e menores volumes adquiridos de terceiros", disse a Vale, lembrando que a produção no período alcançou 61,7 mil toneladas, caindo devido a um acidente e às paradas programadas para manutenção em Sudbury e Clydach (Canadá).

(Por Roberto Samora e Gustavo Bonato)