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Dólar fecha em queda com emprego nos EUA, mas segue acima de R$2,25

01/08/2014 18h58

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - Números fracos sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos fizeram o dólar fechar em queda nesta sexta-feira, mas continuou acima do teto informal de 2,25 reais e, na avaliação de operadores, não deve voltar a níveis muito mais baixos tão cedo.

A moeda norte-americana recuou 0,41 por cento, a 2,2605 reais na venda, após atingir 2,2825 reais na máxima do dia logo após a abertura. Na semana, acumulou alta de 1,48 por cento.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,7 bilhão de dólares.

"O mercado tem se preparado para números fortes nos EUA, que poderiam provocar saídas fortes (de recursos) do Brasil por motivarem alta dos juros lá", afirmou o gerente de operações do Banco Confidence, Felipe Pellegrini.

A economia norte-americana criou 209 mil vagas fora do setor agrícola no mês passado, abaixo das expectativas de 233 mil vagas, e elevou a taxa de desemprego a 6,2 por cento. Esses sinais de capacidade ociosa no mercado de trabalho podem levar o Federal Reserve, banco central dos EUA, a manter os juros baixos por um tempo.

A maioria dos economistas vê o primeiro aumento nos juros no segundo trimestre do próximo ano. Taxas mais altas nos EUA têm a capacidade de atrair investimentos alocados em outras praças financeiras, como a brasileira.

Segundo analistas, o número não é suficiente para impactar fortemente as expectativas sobre o Fed, o que explica a desvalorização mais suave da moeda norte-americana em outros mercados. No Brasil, investidores aproveitaram a oportunidade para realizar lucros após o dólar bater em 2,28 reais no intradia, primeira vez desde o início de junho e antes da divulgação dos dados de emprego nos EUA.

"Alguns vendedores entraram no mercado no fim da manhã e aproveitaram que o viés era de queda", afirmou o operador da corretora Intercam Glauber Romano, para quem o dólar deve continuar oscilando acima do teto da banda informal de 2,20 a 2,25 reais.

A divisa dos EUA vinha oscilando nesse intervalo, que agradaria ao Banco Central brasileiro por não ser inflacionário e não prejudicar as exportações, desde o início de abril, com pequenos períodos de exceção.

"Mesmo com os dados mais fracos, o Fed tem tido um discurso marginalmente mais 'hawkish', o cenário externo tem muitas incertezas", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.

Ele lembrou que, no Brasil, o mercado também tende a ficar mais volátil com a proximidade das eleições presidenciais em outubro.

Segundo especialistas, se essa volatilidade se mostrar muito intensa, o BC pode enfrentá-la aumentando as rolagens de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Porém, se a mudança de patamar se der de forma gradual, acreditam que a autoridade monetária não deve mudar sua atuação de rolar cerca de 70 por cento dos lotes que vencem mês a mês.

No início da noite, o BC anunciou que iniciará na próxima segunda-feira o processo de rolagem dos swaps cambiais que vencem em 1º de setembro, no valor equivalente a 10,070 bilhões de dólares. [E6N0OU02B]

Serão ofertados em leilão até 8 mil papéis para 4 de maio e 3 de agosto de 2015, de acordo com comunicado do BC divulgado nesta sexta-feira. O leilão ocorrerá entre as 11h30 e 11h40, e o resultado será divulgado a partir das 11h50.

Se mantiver esse quantia todos os dias do mês, e vender tudo, a autoridade monetária terá rolado cerca de 80 por cento dos swaps cambiais, equivalentes à venda de dólares no futuro.

Pela manhã, a autoridade monetária deu continuidade às atuações diárias vendendo a oferta total de até 4 mil swaps, com volume correspondente a 198,7 milhões de dólares. Foram vendidos 3,5 mil contratos para 2 de fevereiro e 500 contratos para 1º de junho de 2015.

Para segunda-feira, o BC também fará um novo leilão de swaps no mesmo molde.