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Juiz dos EUA manda negociações sobre dívida da Argentina continuarem

01/08/2014 15h13

Por Joseph Ax, Nicholas Brown e Richard Lough

NOVA YORK/BUENOS AIRES, 1 Ago (Reuters) - O default da Argentina nesta semana não "extinguiu ou reduziu" as obrigações do país com sua dívida, disse o juiz norte-americano Thomas Griesa nesta sexta-feira, mandando que as negociações entre o país e seus credores continuem.

Em tom áspero, Griesa criticou em Nova York a decisão da terceira maior economia da América Latina de entrar em default em 29 bilhões de dólares em dívida nesta semana, em vez de seguir as ordens de pagar aos credores que não aceitaram os termos da renegociação de sua dívida soberana, conhecidos como "holdouts".

Enquanto Griesa falava, um comitê da Associação Internacional de Swaps e Derivativos (Isda, na sigla em inglês) declarou o não pagamento pela Argentina de juros como um "evento de crédito". A decisão desencadeia o pagamento de seguros sobre a dívida do governo argentino que, segundo estimativas de analistas, podem valer cerca de 1 bilhão de dólares.

Griesa criticou a Argentina por comentar apenas suas obrigações junto a credores que aceitaram grandes perdas após o default de 100 bilhões de dólares em 2002, e não os direitos dos hedge funds de Nova York no centro da disputa, que haviam rejeitado a troca de dívida.

"O que ocorreu nesta semana não extinguiu ou reduziu as obrigações da República da Argentina", disse Griesa em audiência judicial.

O juiz federal disse que ambos os envolvidos têm a "obrigação" de continuar cooperando com o mediador nomeado pelo tribunal, Daniel Pollack. O governo de Buenos Aires chamou na quinta-feira Pollack de "incompetente".

Os ativos argentinso ampliaram as quedas após a decisão do Isda, mas depois reduziram as perdas. O índice de blue-chips Merval da bolsa de Buenos Aires perdia 0,6 por cento, a 8.133 pontos, por volta de 15h10, depois de chegar a cair de 3,5 por cento.

O governo argentino defende que não entrou em default porque fez o pagamento de juros exigido a um banco intermediário de um de seus bônus. Mas Griesa bloqueou esse depósito em junho, alegando que a operação viola sua decisão de que a Argentina tem de resolver sua disputa com os "holdouts" primeiro.

Como resultado, detentores de 29 bilhões de dólares em bônus argentinos não receberam o pagamento de juros até o prazo de 30 de julho.

Antes da audiência, o governo argentino disse que não espera nada favorável vindo de Griesa. O país já chamou o juiz de "agente" dos hedge funds de Nova York.

"Não podemos ter qualquer expectativa positiva porque (o juiz Griesa) sempre teve a visão de alguém que é parcial", disse o chefe de gabinete, Jorge Capitanich, a jornalistas em Buenos Aires.

((Tradução Redação São Paulo; 55 11 5644 7757)) REUTERS BBF CMO