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Déficit em conta corrente do Brasil cai 33% em julho por melhora na balança comercial

22/08/2014 20h23

Por Luciana Otoni

BRASÍLIA (Reuters) - O déficit em conta corrente do Brasil, uma medida dos negócios do país com o exterior, recuou 33 por cento em julho na comparação anual para 6 bilhões de dólares, por conta da melhora do resultado da balança comercial no mês.

O ingresso de recursos estrangeiros para o setor produtivo também melhorou. Os investimentos estrangeiros diretos (IED) subiram 13 por cento para 5,9 bilhões de dólares em julho, ante 5,2 bilhões de dólares um ano atrás. Em julho de 2013, o déficit em conta corrente foi de 9 bilhões de dólares.

No acumulado em 12 meses, o déficit em conta corrente, que abrange as importações e as exportações de bens e serviços e as transações unilaterais do país com o exterior, recuou a 3,45 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o melhor desempenho desde julho do ano passado, quando ficou em 3,44 por cento, informou o Banco Central nesta sexta-feira.

Economistas consultados pela Reuters previam saldo negativo da conta corrente de 5,8 bilhões de dólares no mês passado.

A balança comercial registrou superávit 1,6 bilhão de dólares em julho, no segundo melhor resultado de 2014, influenciado por maiores exportações de petróleo bruto e pela venda de plataforma de petróleo, enquanto que em julho do ano passado a balança foi deficitária em 1,9 bilhão de dólares.

"O resultado das contas externas em julho veio favorável. O déficit ficou inferior ao que prevíamos (6,7 bilhões de dólares) e substancialmente melhor do que julho de 2013", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.

O superávit comercial foi determinante na redução do déficit em comparação ao resultado de julho do ano passado, mas a conta de serviços continua a mostrar um padrão de despesas elevadas, com déficit de 4,5 bilhões de dólares.

Somente com o aluguel de equipamentos no exterior, o país teve gasto líquido de 2,4 bilhões de dólares, cerca de 50 por cento a mais do que o saldo negativo visto um ano antes (1,5 bilhão de dólares).

Essa despesa tem aumentando à medida que avança a internacionalização de companhias brasileiras no exterior, com o registro de gastos com o aluguel de equipamentos em território estrangeiro como plataformas de petróleo, sondas e equipamentos de extração mineral.

Os gastos de brasileiros em viagens ao exterior também continuaram elevados, com alta de 10 por cento para 2,4 bilhões de dólares. Mas os gastos de turistas estrangeiros no país subiram 46 por cento, por conta da Copa do Mundo, para 789 milhões de dólares. Com isso, o rombo com viagens ficou praticamente estável, em 1,625 bilhão de dólares no mês passado.

Já as remessas de lucros e dividendos ficaram em 1,106 bilhão de dólares, ante 1,215 bilhão de dólares de julho de 2013.

Para agosto, o BC estima déficit em transações correntes de 5,9 bilhões de dólares, e investimentos estrangeiros diretos de 4,2 bilhões de dólares. Até o dia 20, os investimentos somavam 2,8 bilhões de dólares.

No acumulado dos sete primeiros meses de 2014, as contas externas registram déficit de 49,330 bilhões de dólares, ante déficit de 52,150 bilhões de dólares apurado em igual período de 2013. O BC estima que o rombo ficará em 80 bilhões de dólares no ano, mas essa estimativa poderá ser revista em setembro.