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Dólar sobe pela 4ª sessão seguida, avança 1% e encosta em R$2,40

22/09/2014 17h56

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta pela quarta sessão consecutiva nesta segunda-feira e encostou em 2,40 reais, em meio a preocupações com o crescimento da China e com a cena eleitoral no Brasil, além de dúvidas sobre a estratégia de intervenções do Banco Central brasileiro.

O dólar subiu 0,91 por cento, a 2,3944 reais na venda. Na máxima da sessão, atingiu 2,3992 reais, maior nível intradia desde 19 de fevereiro, quanto alcançou 2,4130 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,2 bilhão de dólares.

Dúvidas sobre quando os juros norte-americanos começarão a subir e sobre o cenário eleitoral brasileiro têm impulsionado a moeda dos EUA nas últimas semanas, alimentando expectativas de que o BC brasileiro poderia aumentar a rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, para tentar segurar a escalada da moeda. Essas expectativas, contudo, vêm perdendo força à medida que o BC mantém suas ofertas diárias, levando o mercado a testar novos limites.

"O fato de que, mesmo com o cenário doméstico pressionado e o cenário externo negativo, o BC não deu sinal de desconforto incentiva o mercado a ver até onde consegue chegar com o dólar", afirmou o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho, para quem o BC pode esperar o primeiro turno das eleições para eventualmente intensificar suas ações no mercado.

No mês, o dólar acumula alta de 6,9 por cento sobre o real.

Nesta manhã, a autoridade monetária vendeu a oferta de até 6 mil contratos no processo de rolagem do lote que vence em 1º de outubro. Ao todo, o BC já rolou quase 50 por cento do lote total, que corresponde a 6,677 bilhões de dólares.

O BC também vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, todos com vencimento em 1º de junho de 2015 e volume equivalente a 198,3 milhões de dólares. O BC também ofertou contratos para 1º de setembro de 2015, mas não vendeu nenhum.

Nesta sessão, as pressões externas foram corroboradas por declarações do ministro das Finanças da China, Lou Jiwei, de que o país não vai alterar dramaticamente sua política econômica por causa de um único indicador econômico, frustrando as expectativas no mercado de novos estímulos econômicos.

Os investidores aguardam agora a divulgação do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar de setembro da indústria chinesa nesta noite, e temem que o dado possa mostrar perda de força da segunda maior economia do mundo.

Nesse contexto, a divisa norte-americana também subia contra moedas como dólar australiano e o rand sul-africano.

"Como temos uma perspectiva bastante incerta aqui no Brasil, por causa das eleições, qualquer susto no exterior gera um impacto importante aqui. O mercado fica mais volátil", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Ele acrescentou que a perspectiva eleitoral, que há poucas semanas colocou o dólar em trajetória de queda, mudou após pesquisas mostrarem que a presidente Dilma Rousseff (PT) em empate técnico com a ex-senadora Marina Silva (PSB) num esperado segundo turno. A atual presidente tem sido alvo de críticas nos mercados financeiros, que receberam bem sinais de ortodoxia vindos da candidata de oposição.

Novas pesquisas do Datafolha e do Ibope devem ser divulgadas ainda nesta semana. Segundo analistas, investidores já estão se protegendo da possibilidade de Dilma superar a rival nas simulações de segundo turno, o que contribuiu com a alta do dólar nesta sessão.

"O mercado tem medo de que a tendência de estreitamento entre a Dilma e a Marina se transforme numa vitória da (atual presidente) ", afirmou o operador de câmbio de um banco internacional.

(Edição de Patrícia Duarte e Raquel Stenzel)